Um dia o dia chegou
E ao vermelho escravizou
Mas o vermelho não gostou
Deu o grito de guerra
E não aceitou
Derramou seu sangue
Da cor da floresta
E seu corpo vermelho
Que cheirava a mato
Que cheirava à flor
Ficou jogado na beira do rio
E viu o dia que o vermelho era teimoso
Igual ao escorpião
Morria mas não se entregava
E então o dia resolveu
Ir em busca da noite
Que era calma e pacata
Serena e orvalhada
Igual uma manhã
E que aceitou calada
O que o dia mandava
E a noite chegou
Sem estrelas e sem lua
E levou chicotadas
Em suas costas nuas
E sangrou nos pelourinhos
Manchados de sangue e suor
Mas a noite sentiu saudadws
De sua terra natal
E quis voltar
E tentou lutar com o dia
E o dia vencia
E a noite de saudade morria
E vieram outras noites
Com amor e festas
Mostrar ao dia
Que há amor
E há festas
E o dia se envergonhou
E entre alegrias
Soltou a noite
E a noite ficou livre
E foi para o firmamento
Para dançar e para cantar
E esquecer a sua dor.
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