E sou um ser inerte
E vivo congelado
E enterrado mesmo
Nos confins do meu cérebro
E sou um ser imóvel
Parado mesmo
Igual poste
Vivo podre mesmo
Com a podridão inteira
Bem dentro de minha mente
E sou um regredido
Um inverno dolorido
E sou um ser perdido
Que não encontra saída
Do labirinto do Minotauro
E que não encontra a sua entrada
Para o jardim do Éden
E sou um ser sem porta
Sem cabeça e sem nada
Sem membro e sem testículos
Um impotente
Um ser medíocre
Preso a mil complexos
Amarrado a milhões de dogmas
Com grilhões e bilhões de preconceitos
Acorrentado a trilhões de tabus
Algemado a quaquilhões de grilos
E com todos os problemas na cabeça
Sou um demagogo
Um piegas
Uma simplória perda de tempo
Engulo minha raiva
Demonstro meu ódio de monstro
Solto o meu medo
E tremo só em soltar
Pois sou um cobarde
Um bandido sem arrependimento
Rasgaram o peito que eu mamava
Romperam o seio no qual me abrigava
Tiraram o câncer da mama
E deram para eu comer
E sou um vírus magoado
Um terrorista sem pátria
E sou um chute no saco
E merda mais do que a merda
Só mesmo a própria merda.
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