Amarrem-me pelos pés,
Pendurem-me de cabeça para baixo,
Perfurem-me o peito com punhal
E deixem meu sangue
Jorrar por minha boca,
Para que eu morra afogado
E meus gritos não sejam ouvidos;
Que ninguém venha
Ao meu socorro
E que me debata,
Feito peixe fora d'água;
Pendurado pelos pés,
Como na inquisição,
A dor causa lirismo;
A tortura deixa meiga a alma,
Os inquisidores e torturadores
Riem às gargalhadas;
O sofrimento causa felicidade,
E quero fazer
A humanidade feliz,
Como os que padeceram
No pau-de-arara,
Na tentativa de melhorar,
Com o próprio sangue derramado,
O ânus dilacerado,
O país tão amado.
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