Ouço o barulho das cousas,
A voz da chuva que chove no pátio,
E os sons causados pelas águas da
Chuva de março na tarde; toda
Chuva que cai, é a minha vida
Que cai, minha vida que se esvai;
E minha vida é esta chuva
E esta chuva é minha vida
E os sussurros gerados pela vida;
Amanhã quando não estarei
Mais aqui, esta chuva estará
A sustentar os pilares, que restarem
De mim, mas que de mim
Nada sobrará: nem cinzas, linhas
Ou chuva; nada permanecerá
Do meu nada: nem letras e nem
Palavras; por ora os sons das cousas,
Dos sons desta chuva, destas águas
Na tarde de março me existo;
Existo-me sem saber que existo
E insisto em algo, em qualquer
Cousa mais e teimo em persistir,
Nestas gotas, nos sons destas gotas e
Sou tão breve, tão tênue, difuso,
Diáfano, que para exsistir e preciso
Insistir; mas quando a chuva
Para, e fico triste, igual todo
Homem triste, não sou diferente,
Sou indiferente ao que não é
Esta tarde chuvosa de março, e
Até a mim mesmo, quando uma
Criança chora ao longe ou um grito
É lançado de não se sabe de onde;
Muitas mãos pedem socorros, olhos
Vestem lágrimas e olhares procuram um
Olhar e almas outras almas, pois,
Os corpos não se procuram mais, não
Se atraem, e se repelem como num susto.
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