domingo, 3 de abril de 2011

Quando olho para o tempo e não; BH, 0170202011; Publicado: BH, 030402011.

Quando olho para o tempo e não
Sei o que fazer, vem o desespero,
Caio por terra desesperado; e
Sinto as pessoas a fazer as coisas,
E eu sem fazer nada; não
Apronto, não traço, e adoeço
Sem motivo, inativo; e a tarde
Ainda vem prostrar-me na alameda;
Trazer-me de volta à lembrança,
Daquele gameleira mal assombrada,
Que tinha na beira da estrada;
E eu menino morria de medo,
De uma simples árvore, que não
Fazia mal a ninguém; e quando
Amanhece, não dormi, não
Peguei no sono, nem sonhei; e o
Pesadelo contínuo não me
Abandona, e sigo no dia como
Se não estivesse em dia com o
Dia; e sigo o dia como se fosse
Ontem, como se o hoje não existisse,
E o amanhã não viesse nunca; e
Por mais que eu fale, tome fôlego,
E sussurre aos ouvidos que me ouvem,
Nenhuma mensagem é registrada na
Memória, ou registro na história;
E como comemorar sem ter uma
Vitória? como comemorar um pesadelo
De derrotado? um currículo só de
Derrotas? e agora aparece-me a lua,
Indescritível, vem-me dar o tiro de
Misericórdia, vem passear sobre
Minhas cinzas, vem reinar sobre
Mim, rainha única, soberana, e sou
Teu súdito, sou teu vassalo, servil,
E me reergo, Fênix, no teu
Voo de prata infinito.

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