terça-feira, 28 de agosto de 2012

Llewellyn Medina, Ode à Estação Primeira; BH, 0280802012.

A noite era propícia
Aos milagres e encantamentos
Duendes irreverentes
Bailavam com etérea elegância
Deuses poderosos sorriam felizes
Pois já sabiam
Da miríade iluminada
Que começava a nos invocar
Alacremente.

Corações apertados
Cantavam felizes
Cantos pagãos
Enquanto aguardavam
As coortes de estilizados semi-deuses
Prestes a deslizar sua glória
No desfile das campeãs.

Veio lá de longe
O som tangido por Pã
Dezenas
Centenas de surdos
Cuícas
Repiniques
Pandeiros r tamborins
Marcavam uma batida
Tão retumbante
E que de tal forma
Inebriavam os sentidos
Que nem as sereias de Ulisses
Capazes seriam de imitar.

Vieram as cores
Profusão de cores
Tantas cores
Que o espectro do arco-íris
Reduzia a duas:
Verde e rosa
Rosa e verde
Eram cores que cobriam as alas
Tornando-as mais belas que um campo de trigo
Em floração.

As pessoas pareciam não ter identidade
Não eram pessoas apenas
Eram sambistas
Passistas
Baianas
Mulheres/mulatas
Era uma horda
Era um exército
Era uma nação que desfilava.

E nas arquibancadas
Os súditos rugiam ruidosamente
Mais do que os romanos ávidos
Rugiam no Coliseu
Mas aqui só havia vencedores
Era a celebração do Carnaval
Do Carnaval do Rio de Janeiro
Que somente se explica
E tem razão de ser
Quando a Mangueira
Soberanamente levita
No desfile das campeãs.

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