Os únicos espíritos que me sondam
São os espíritos malditos dos poetas
Malditos com suas poesias malditas
Mas não me possuem não me deixam
Possesso não tenho competência
Depois de morto não entrarei
Em tão alta tão fechada confraria
Não comporei academia mais terrível
Para topar duma hora para outra
Com um dos seus temidos componentes
Lá continuarei o mesmo poeta morto
Sou o que estou a dizer pois
Não dizem somos poetas não se
Rotulam para eles nada
Interessa a não ser a essência da
Poesia; servir só a essa musa é quem
Querem engrandecer no intento
Dilaceram-se torturam-se mutilam-se
Tatuam-se flagelam-se cicatrizam-se
Depuram-se expelem a mais bela
Pérola maldita sem dor não
Purificam-se sem pecados não
Salvam-se abrem mão da própria
Salvação abominam a religião
Quando os sondo não os conheço
Não falo nem da minha sorte
Nem do meu azar percebem que quero
Misturar-me para me safar uso de
Ardil para não ser expulso copio
Compilo o canto dos pássaros os
Piados das aves refugio-me nas
Estrelas construo meu castelo da
Rocha dos milenares vulcões invoco-lhes
Mestres das inspirações poéticas bacharéis
Do limbo disponhais desta mão decepada
Desta pobre cabeça decapitada
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