segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Noturno Nº 23; BH, 0130702011; Publicado: BH, 0200802012.

A noite é um vale escuro com sombras
Com mortes seguirei assim sem fome
Sem sede como as almas pregadas nas
Paredes a noite é um vale escuro seguirei
Pelos caminhos sem um companheiro
Amigo todos que me acompanham meu
Sangue não é suficiente para saciar nos
Mármores dos edifícios latejam os seres
Aprisionados sinto seus lamentos me
Incomodo com suas lamúrias inquieto-me
Com a cobiça que fazem de mim pela
Liberdade não tenho uma gota d'água
Muitos estão com as línguas de fora
Pedem água outros pedem sangue
Os mais rasteiros pedem álcool são do
Rés-do-chão são dos ralos chamam a
Atenção clamam embriagados a querer
Mais sempre mais que eternidade é essa
Que não acaba? que posteridade que
Olho não tem horizonte? a noite passa
Tão devagar que se pudesse a deixaria
Aqui em meu lugar passaria assim bem
Lentamente no lugar da noite por esse
Vale escuro sossegadamente finjo dentro
De mim para não perceberem que tremo
Calafrios arrepios rente ao muro do
Cemitério curvado mãos nos bolsos paletó
Emprestado calças encardidas botas
Empoeiradas penso uma canção que ouço
Dentro da cabeça como que se a cantasse
Para mim fecho os olhos sigo envolto
No manto escuro do vale da noite

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