Minha namorada predileta é a noite
Gosto dela aliás amo-a como amei
Todas as mulheres negras escravas
Canonizadas nos pelourinhos
Beatificadas nos relhos nas
Chibatas dos senhores de engenhos
Das fazendas de café amo todas essas
Escravas santificadas no sofrimento
Todo sangue que foi derramado
Delas transformaram-nas em santas
Essas cativas santificadas são as
Minhas namoradas prediletas inda
Hoje fazem milagres de cada gota
De suor nasceu um anjo de cada
Gota de saliva um tempero onde
Caiu um pouquinho do suor nasceu
Uma flor amo essas ancestrais da
Escravidão oro para elas nos meus
Sambas rezo nos meus pontos de macumba
Cultuo-as nos cantos cantigas tambores
Deleito nos manjares dessas negras
Quero venerá-las respeitá-las dizer
Que tenho dentro de mim uma
Herança delas um pouquinho de
Cada uma na minh'alma são
As Marias da minha vida avós mães
Empregadas preciso indenizá-las
Só estas letras não saldam é dívida
Eterna fundo perdido precisaria
De séculos para que a justiça seja
Feita minhas noites prediletas
Noites serenas de luar perdoeis este
Vosso namorado recebais neste
Mísero confessionário estas parcas
Lágrimas mas são tudo que tenho para
Depositar em vossas arcas lavar vossas
Cicatrizes dessa vergonha histórica
Nenhum comentário:
Postar um comentário