sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Patagônia, 927, 19; BH, 070902011; Publicado: BH, 0501002012.

Sou do subterrâneo ando de cabeça
Para baixo nos tetos dos subsolos as
Solas dos meus pés pisam debaixo
Das solas dos pés doutros a força de
Gravidade age em mim ao contrário
A me empurrar de baixo para cima
Numa repulsão não numa atração
Sou das cavernas das grutas locas
Subterrâneas durmo igual ao morcego
Dorme de cabeça para baixo no meu
Mundo não tem céu nem estrelas nem
Sol meu mundo não tem planetas o que
Mais se aproxima de mim é a inexistência
A antimatéria meus vulcões jorram todos
Para o lado de dentro do manto na lava
Incandescente do meu pranto lá um dia
Não discursa a outro dia nem uma noite
Revela conhecimento a outra noite não
Há linguagem nem palavras nem letras
O eco que o som produz é o inverso do
Inverso do inverso da poesia sem verso
Interpretação o poema não soluça a
Querer um pai nem choraminga a
Querer uma mãe para matar a fome de
Luz o sangue é frio venoso escuro
Não há circulação o ar é de chumbo
Contaminado rarefeito não há respiração
A pele que encobre a carne não tem poros
O nada é a única perceptível perfeição

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