domingo, 21 de outubro de 2012

Casimiro de Abreu, Juramento; BH, 02101002012.

Tu dizes, ó Mariquinhas,
Que não crês nas juras minhas,
Que nunca cumpridas são!
Mas se eu não te jurei nada,
Como hás-de tu, estouvada,
Saber se eu as cumpro ou não?

Tu dizes que eu sempre minto,
Que protesto o que não sinto,
Que todo o poeta é vário.
Que é borboleta inconstante;
Mas agora, neste instante,
Eu vou provar-te o contrário.

Vem cá! - Sentada a meu lado,
Com esse rosto adorado,
Brilhante de sentimento,
Ao colo o braço cingido,
Olhar no meu embebido,
Escuta o meu juramento.

Espera: - inclina essa fronte...
Assim!... - Pareces no monte
Alvo lírio debruçado!
 - Agora, se em mim te fias,
Fica séria, não te rias,
O juramento é sagrado.

"- Eu juro sobre estas tranças
"E pelas chamas que lanças
"Desses teus olhos divinos,
"Eu juro, minha inocente,
"Embalar-te docemente
"Ao som dos mais ternos hinos!

"Pelas ondas, pelas flores,
"Que se estremecem de amores
"Dá brisa ao sopro lascivo;
"Eu juro, por minha vida,
"Deitar-me a teus pés, querida,
"Humilde como um cativo!

"Pelos lírios, pelas rosas,
"Pelas estrelas formosas,
"Pelo sol que brilha agora,
"Eu juro dar-te, Maria,
"Quarenta beijos por dia
"E dez abraços por hora!"

O juramento está feito,
Foi dito co'a mão no peito
Apontando ao coração:
E agora - por vida minha,
Tu verás, ó moreninha,
Tu verás se cumpro ou não!...

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