quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Patagônia, 927, 26; BH, 0801202011; Publicado: BH, 03101002012.

Vinde a mim, ó mestres das letras,
Das palavras, magos, sacerdotes,
Papas dos vocábulos, das expressões
Idiomáticas, chaveiros dos portais
Dos mananciais das luzes da sabedoria;
Vinde a mim, ai, pássaro sombrio,
Que voas nas noites mais escuras;
O quê procuras em mim? vinde a mim
Meninos de rua, mendigos de todas
As esquinas, pobres que são proibidos
De entrar nas igrejas; vinde a mim,
Ó deuses que não encontrais
Altares no meio da opulência,
Da volúpia e da luxúria; vinde a
Mim todos os fiéis sem deuses e
Santos sem milagres e bacantes sem
Baco; beberei do vinho da uva
Sagrada e comerei da carne
Do carneiro mais nobre, a parte
Mais tenra, assada em fogo brando;
Beberei do leite integral das ovelhas;
Vinde a mim, ó rebanhos atormentados,
Guardarei no aprisco, a melhor
Lã tosquiada dos melhores cordeiros;
Silêncio, não quero ouvir balidos,
É madrugada de noite alta,
Não quero ouvir latidos de cães
Caçadores a farejarem as presas
Nas correntes de ar; fechais as
Portas, os portais, os portões e
Abrais as janelas dos casarões,
Dos castelos das virgens castelãs;
Pisais nos chãos com as solas
Dos vossos pés; amparais as lamparinas
Adiante dos caminhos, e adiante,
A jornada da peregrinação é longa.

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