domingo, 21 de outubro de 2012

Álvaro de Campos/Fernando Pessoa, Que lindos olhos; BH, 02101002012.

Que lindos olhos de azul inocente os do pequenito agiota!
Santo Deus, que entroncamento esta vida!

Tive sempre, feliz ou infelizmente, a sensibilidade humanizada,
E toda a morte me doeu sempre pessoalmente,
Sim, não só pelo mistério de ficar inexpressivo o orgânico,
Mas de maneira direta, cá do coração.

Como o sol doura as casas dos réprobos!
Poderei odiá-los em desfazer no sol?

Afinal que coisa a pensar com o sentimento distraído
Por causa dos olhos de criança de uma criança...

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