Dizei-me vós em que país
Flora, a belíssima romana,
Se encontra agora, e onde Taís
E sua prima doidivana;
E a Ninfa cuja voz promana
Dos ecos d'água que se aflora,
E tem beleza mais que humana...
Mas onde estais, neves d'outrora?
Onde a mui letrada Heloís,
Por quem sofreu vindita insana
Abelardo, amante infeliz,
Que, no convento, a dor engana?
E onde a rainha desumana
Que lançou Buridan, na aurora,
Ao rio que em Paris dimana?
Mas onde estais, neves d'outrora?
A minha, alva como um lis,
Com sua voz que doce emana,
Berra, mais Alis, Beatriz,
E essa do Maine, suserana,
E a boa lorena, Joana,
Que o fogo inglês em Ruão devora,
Onde, onde, Virgem Soberana?
Mas onde estais, neves d'outrora?
Príncipe, nem nesta semana
Buscai sabê-lo, nem agora,
Pois o refrão vos desengana:
Mas onde estais, neves d'outrora?
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