quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Dói meu coração apuado; BH, 0220602000; Publicado: BH, 01201002011.

Dói meu coração apuado,
Que tem puas trespassadas nele;
Objetos pontiagudos o perfuraram,
E está cravado de puas;
Não tenho aptitude de vida,
Aptidão para ser feliz;
O medo que me assalta,
Sobressai meu aptialismo,
Na ausência de saliva na boca;
Caio, por ser aptério e de areia,
Um edifício sem colunas; áptero,
Inseto sem metamorfose
E desprovido de asas,
Sofro por não poder voar,
Por ser um aperigoto solitário,
Não ando sequer aprumado,
Não fico posto a prumo, nem
Perfeitamente na vertical;
Pareço um lagarto a rastejar e
Não sou correto e altivo,
Homem teso e decidido;
Não sou o aprovisionador
E morro de fome e frio,
Por não ser aquele que aprovisiona,
Que come e guarda,
Para servir duas vezes;
Não sou prevenido,
Não valho por um,
Quanto mais por dois;
Dói meu coração chagado,
Ferido em carne viva;
Sangra meu coração na escada,
Cercado de arame farpado,
Encurralado por cardos no espinheiro;
Dói meu coração, dói;
Quando quiser pára,
Que vou morrer.

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