terça-feira, 4 de outubro de 2011

Opus 1; BH, 0401002011; Publicado: BH, 0401002011.

A pior coisa a priore, que pode acontecer
Com um poeta, é a posteriori,
Escrever um poema que não
O melhore; ser normal é fácil,
Agrada, agradeceis; é abraçar um
Elemento natural e sobreviver
No meio como produto adaptado;
O inconcebível é conceber,
Entre a pele e o osso, o extrato
Sobrenatural, visitar no limbo,
A moradia dos fantasmas, com
Os pés costurados no chão e a cruz
Pregada nas costas, vergar vergalhões,
Domar turbilhões e clamar por Deus,
Para afastar assombrações; cometemos
E cometeis aberrações, bizarrices,
Anomalias, blasfêmias, estupros,
Em nome de todos os santos,
Inclusive beatificações e canonizações,
Sem esquecer os milagres;
E transformo tudo em dor, sou
Um Midas; faço quem anda, deixar
De andar; quem está são, adoecer
E quem está vivo, morrer: o que
Também não deixa de ser milagres;
E nem por isso quero seguidores,
Nem quero ter fieis, templos ou orações
Endereçadas a mim; e nem por isso
Quero imagens minhas para serem
Adoradas e nem simonias pagãs
Em meu nome; não me consagreis
Nada, ouvirdes, ou vós sois deuses
Surdos? estátuas peregrinas humanas,
Ou Davis nus em praças italianas.

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