segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Paulo Mendes Campos, Balada de amor na praia; BH, 01001002011.

Ai como sofre o corpo que se esfrega
No corpo que se entrega e não se entrega
È como a convulsão da preamar
A querer atirar o mar no ar
A onda rija bate como espada
Nos musgos da mulher ensolarada
Guelras arfantes pernas semifusas
Grifam sombras morenas de medusas
E a verde rocha em V vê o duelo
Do peixe azul fisgado no amarelo
Compondo um bicho humano sobre a praia
Que se desfaz em rendas e cambraia
Moluscos musculares do desejo
Decápode do homem - caranguejo
Anêmonas e polvos complacentes
A resvalar abismos inocentes
Como se amar no mar fosse encontrar
Nossa animalidade elementar
Ou fosse o ser na praia (duplicado
De amor) bicho de amor do mar gerado
Cujas garras fatais persuasivas
Deslizam pelas angras sensitivas
Pelos quadris que dançam pelos frisos
Conjugais - ziguezague de mil guizos -
Garras que buscam a melhor textura
No ventre no pescoço na cintura
Já quase a devorar a lua cheia
No litoral do céu feito de areia
E o sol diz nomes feios para a lua
Pedindo que ela entenda e fique nua
Para que possa a coisa hermafrodita
Mudar a vida breve e infinita
E quando enfim de amor o bicho - arraia
Na confusão voraz freme e se espraia
É como a convulsão da preamar
Que conseguiu jogar o mar no ar.

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