quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Nunca tive em minha vida; BH, 030502000; Publicado: BH, 0501002011.

Nunca tive em minha vida,
Agregado o sufixo vernáculo anha,
E o designativo de ação:
Nunca fiz uma façanha
E nunca tive um aumento de qualidade
Ou escalei uma montanha
Ou fiz uma campanha em
Benefício do amor ou da paz,
Da justiça ou da liberdade
Ou em pró da humanidade;
Não mereço o ar mais do que
Uma anhangapa, a planta da
Família das Melastomatáceas;
Não mereço mais a água ou
A luz do que todas as plantas;
E do sufixo vernáculo verbal anhar,
De ação rápida e frequentativa,
Também não trago em meu peito;
Não vou abocanhar o universo
E nem agadanhar pelas poeiras cósmicas
E nem voar pelas nuvens,
Como a anhuma, a ave da
Família dos Anhimídeos
Ou a anhumapoca, herbívora,
De canto noturno;
E continuo a assegurar que,
Nem tanto como a aniba,
Arbusto da família das Laureáceas,
De gênero Ocotea, de espécies várias;
Ou o anicauera, o peixe da
Família dos Caracinídeos;
E continuo a não merecer,
Nem a terra e nem a água,
Nem a luz e nem o ar;
Tenho que viver anichado,
Colocado em nicho como um vampiro,
Agachado como um aleijado
E escondido de dia, feito um
Morcego que só sai à noite atrás das vítimas.

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