sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Gostaria de ser pelas ruas; BH, 0220602000; Publicado: BH, 01401002011.

Gostaria de ser pelas ruas
Como um ser que pudesse ser apontado,
Como o poeta apontável e reconhecido,
Apontado e seguro com pontos largos,
Longe do conjunto de coisas desconexas,
Que sabe segurar um poema,
Encher com pontos os vazios,
Citar a ponto a poesia,
A proposito de toda natureza,
Apontoar a beleza cerebral,
Corrigir o torturado moralmente,
O importunado pelas dores,
Apoquentado e o aflito de alma
E tudo que incomoda a paz,
Que importuna a felicidade,
Que apoquenta o amor e
Todo defeito negativo do apoquentador,
Numa extravasação do sangue, e
Deixar fluir num aporismo,
Numa hemorragia de venoso,
A deixar só o arterial;
O que oxigena e cristalina;
O que purifica e redime,
Desintoxica e permite,
Que a vida continue ainda,
Livre como um apopétalo
Da corola cujas pétalas,
São livres umas das outras;
Como o dialiopétalo do aporema,
Silogismo pelo qual se demonstra,
O valor igual de duas ou mais
Proposições contraditórias;
Livre da hesitação e da dúvida,
Que o orador simula ter,
No meio dum discurso,
Por aporismar o vernáculo,
Na indecisão da aporia existencial. 

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