quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Ponha fim agora mesmo; BH, 0230602000; Publicado: BH, 0601002011.

Ponha fim agora mesmo
Ao apuamento da minha vida;
Parece que até estou ainda
Na época da inquisição;
Pára de me apuar o espírito,
De me cravar a cabeça e de me
Supliciar com as puas; já me
Sinto espantado e ando
Pouco dócil como o cavalo
Apuava, debaixo do apuí, árvore
Da família das Moráceas e das
Gutíferas; o apuizeiro e a
Apuirana, da família das
Loganiáceas, que se supõe
Conter estricnina; porém, o
Que me matou mesmo, é
Que fui apunhalado, ferido e
Morto com um punhal; e de
Nada valeu resistir, apunhar
Com violência ou empunhar
Para me defender ao bater
E socar com os punhos;
Acabei por vir a padecer,
Numa apupada geral, e 
Não era nem ministro e
Nem político do governo
Central; alvos fáceis para
Apupar-se, numa surriada
De apupos, vaias e gritos
De escárnios, de insultos
E troças merecidas;
Arrelias escolhidas por
Melhor que seja o delicado
Membro, falso e esmerado
Deputado, esgotado e
Difícil na honestidade; e o
Senador em que há apuro
E elegância por fora
E total podridão por dentro;
Pária sobrecarregado de
Serviço inútil; parasita
Apurado com a corrupção;
Impaciente com a verdade,
Apressado em esconder
A apuração.

Um comentário: