quinta-feira, 18 de junho de 2015

Rio Grande do Norte, 916, 41; BH, 080702012; Publicado: BH, 0180602015.

É do submundo, imundo,
É do subterrâneo
E não é urânio;
É do esgoto,
É de sarjeta,
De muleta;
Capenga,
Manca da perna,
É aleijado
E se dizem amaldiçoados;
Não há alma,
Espírito e ser;
Há fantasmas que rondam madrugadas
E procuram bares,
Adegas e bodegas;
Tavernas e botecos escuros,
De ruas escuras;
É fatal,
Terminal,
Surreal,
Do porão,
Do sótão,
Do saguão de castelos assombrados;
É da zona do baixo meretrício,
Das putas carcomidas pela sífilis
E pelos sarcomas;
É das travestis aidéticas e seus zangões alucinados,
Injetados nas veias,
Cheios de bombas e asteroides;
É do mercado negro,
Do contrabando e saltimbanco;
Não há luz,
Não há água,
Não há ar
E nem há lei;
É do sufoco,
Da dor,
Do tormento
E do desespero;
É da ânsia,
Do vômito
E da agonia;
É da angústia,
Do desespero;
É a tortura do prisioneiro nas mãos do carrasco,
Atrás das cortinas,
Nos bastidores;
É o sofrimento dos tendões
E o dente arrancado sem anestesia;
É o olho furado com o ferro em brasa
E a noite densa sem fim:
É a nata do pus da poesia.

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