quinta-feira, 30 de junho de 2011

Agora vedes FHC vulgo Fernando Henrique; RJ, 0220501997; Publicado: BH,0300602011.

Agora vedes FHC vulgo Fernando Henrique
Cardoso quer processar João Pedro Stédile
Líder do MST Movimento dos Sem Terra
Ora vedes só gostaria de saber quem é que
Vai processar FHC vulgo Fernando Henrique
Cardoso? quem é que vai processar Marco
Maciel vulgo Marco Zero Antônio Carlos
Magalhães? José Sarney Jarbas Passarinho?
Pai do AI5 Luiz Eduardo Magalhães Antônio
Kandir? quem é que vai processar Luiz Carlos
Bresser Pereira Pedro Malan? a maioria do
Senado da Câmara dos Deputados? a
Burguesia a elite? os verdadeiros culpados de
Rodo o nosso desequilíbrio socioeconômico?
Quem é que vai processar essa corja de
Ladrões safados corruptos vagabundos?
Quem é que vai processar os hipócritas que
Vivem às custas da fome miséria pobreza da
Maioria do povo brasileiro? toma vergonha
Na cara FHC vulgo Fernando Henrique
Cardoso tomara que tomes um pau bem dado
Pelo povo do João Pedro Stédile líder do MST
Movimento dos Sem Terra viva a Reforma Agrária

Reforma Agrária já; RJ, 0220501997; Publicado: BH, 0300602011.

Reforma Agrária já
Ouça o grito do campo
O camponês sem terra
Clama por justiça trabalho
O êxodo rural está a exterminar
A maioria do povo que trabalha
Na agricultura do país Reforma
Agrária já chega de enrolação de
Conversa fiada o governo tem que
Devolver tudo que roubou do
Trabalhador rural chegou a hora da
Verdade da foice da enxada chegou
A hora do carro de boi do semeador
Vamos unir o grito da cidade com
O grito de terra dos trabalhadores
Rurais sem terra deste país Reforma
Agrária já fim de papo fora com esse
Governo corrupto que não quer saber
De fazer Reforma Agrária já
Fora com a burguesia predatória

Que pena vou chorar; BH, 0260501999; Publicado: BH, 0300602011.

Que pena vou chorar
Não sou uma árvore
Não tenho tronco nem
Galhos nem folhas sou
Afilo não sou uma flor
Não tenho caule nem
Pétalas perfume pólen
Néctar fragrância só me
Resta chorar não vivo
Numa mata numa floresta
Bosque ou jardim coitado
De mim não sou capim
Uma grama verde um
Capim colonial quero
Afiliar-me associar-me
À uma sociedade secreta
Oculta ou corporação que
Transforme as pessoas em
Plantas folhas flores quero
Filiar-me a uma entidade
Que transforme a humanidade
Num belo jardim um pomar
Cheio de árvores a afiliação
Deve ser geral com todo
Ser humano a querer se
Transformar numa flora
Natural cada uma mais
Perfeita cada uma mais
Bela com mais perfume
Com mais sabor que a outra
Não vou chorar mais não
Uma abelhinha voou rente
Ao meu olhar será que
Confundiu-me
Com alguma rosa?

A pior falha da humanidade; BH, 0250501999; BH, 0300602011.

A pior falha da humanidade
É a falta de amor a falta de
Paz todas as mazelas que as
Guerras podem trazer a
Humanidade sabe conhece
Todo sofrimento choro
Lágrimas que as guerras
Causam aos semelhantes
Porém desde a criação da
Humanidade não vive sem
As guerras não sabe nem
Quer viver sem as guerras
A mostrar que não sabe
Nem conhece tudo até
Parece que as guerras
São bem mais importantes
Que a própria existência
Humana a nossa pior falha
É justamente essa a
Disseminação das guerras
A destruição que causam
Ao nosso meio ao meio
Ambiente o terror que espalham
Às crianças aos lares aos homens
Mesmo àqueles que propagam as
Guerras quando era menino
Aprendia que a paz viria no dia
Em que a humanidade caísse
De joelhos perante Deus o mal iria
Acabar que só fé a oração evitariam
As guerras não é o que acontece

Não consigo imaginar nada; RJ, 0220501997; Publicado: BH, 0300602011..

Não consigo imaginar nada
Não vai dar mesmo certo
Minha cabeça fundiu derretida
Faliu de vez também estou sem
Inspiração sublime gostaria de
Poder escrever algo que fosse
Útil a alguém vivo gostaria de
Pensar algo nobre que ser
Humano algum talvez jamais
Teve a ousadia lúcida de pensar
Claramente sério para abrir
Fronteiras abissais clareiras
Intransponíveis no passado
A apresentar hoje desvendadas
No tempo como veias abertas
Aortas escancaradas a jorrar
Cachoeiras de sangue de poemas
Desesperados que se debatem
Em plana era moderna nesta
Época atual de internautas
Vanguardistas argonautas todos
Outros nautas os muitos nautas
Sem nada que possa aproveitar de
Seus cérebros eletrônicos que
Desbancam velhas cabeças
Carcomidas cheias de cabelos
Piolhos sarnas donde fluem
Pérolas raras que todos os Deep
Blue juntos não são capazes de
Formar chamai-me o carrasco
Agora ponhais minha cabeça no
Cepo vivai com os vossos
Computadores que vou-me embora
Com putas dores de cabeça
Que me dais cronicamente

Guerra Junqueiro, Regresso ao Lar; BH, 0300602011.


Ai, há quantos anos que eu parti chorando
Deste meu saudoso, carinhoso lar!...
Foi há vinte?...
Há trinta?...
Nem eu sei já quando!...
Minha velha ama, que me estás fitando,
Canta-me cantigas para me eu lembrar!...
Dei a volta ao mundo, dei a volta à vida...
Só achei enganos, decepções, pesar...
Oh, a ingénua alma tão desiludida!...
Minha velha ama, com a voz dorida.
Canta-me cantigas de me adormentar!...
Trago de amargura o coração desfeito...
Vê que fundas mágoas no embaciado olhar!
Nunca eu saíra do meu ninho estreito!...
Minha velha ama, que me deste o peito,
Canta-me cantigas para me embalar!...
Pôs-me Deus outrora no frouxel do ninho
Pedrarias de astros, gemas de luar...
Tudo me roubaram, vê, pelo caminho!...
Minha velha ama, sou um pobrezinho...
Canta-me cantigas de fazer chorar!...
Como antigamente, no regaço amado
(Venho morto, morto!...), deixa-me deitar!
Ai o teu menino como está mudado!
Minha velha ama, como está mudado!
Canta-lhe cantigas de dormir, sonhar!...
Canta-me cantigas manso, muito manso...
Tristes, muito tristes, como à noite o mar...
Canta-me cantigas para ver se alcanço
Que a minha alma durma, tenha paz, descanso,
Quando a morte, em breve, ma vier buscar!

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Bob Dylan, It Ain't me babe; BH, 0290602011.



Go' way from my window,
Leave at your own chosen speed.
I'm not the one you want, babe,
I'm not the one you need.
You say you're lookin' for someone
Never weak but always strong,
To protect you an' defend you
Whether you are right or wrong,
Someone to open each and every door,
But it ain't me, babe,
No, no, no, it ain't me, babe,
It ain't me you're lookin' for, babe.
Go lightly from the ledge, babe,
Go lightly from the ground.
I'm not the one you want, babe,
I will only let you down.
You say you're lookin' for someone
Who will promise never to part,
Someone to close his eyes for you,
Someone to close his heart,
Someone who will die for you an' more,
But it ain't me, babe,
No, no, no, it ain't me, babe,
It ain't me you're lookin' for, babe.
Go melt back into the night, babe,
Everything inside is made of stone.
There's nothing in here moving
An' anyway I'm not alone.
You say you're looking for someone
Who'll pick you up every time you fall,
To gather flowers constantly
An' to come every time you call,
A lover for your life an' nothing more,
But it ain't me, babe,
No, no, no, it ain't me, babe,
It ain't me you're lookin' for, babe

Estou obstruído; RJ, 0220501997; Publicado: BH, 0290602011.

Estou obstruído
Impedido plenamente
De existir de viver sem
Amor sem causa sem paz
Sem razão amargurado
Infeliz a felicidade não
Habita o meu coração
Meu ser negro opaco
Não deixa que a luz
Passe por mim preto
Minha vida apagada
Vale menos que um
Toco de vela quem
Se aproxima de mim
Logo se afasta ao
Sentir que não sou
Útil à humanidade
Por isso vivo neste
Esgoto nesta sarjeta
Interior este gueto de
Varsóvia de Soweto
Que é a minha mente
Cobriu meu pensamento
De andrajos de dejetos
Trilho meu caminho
De ferro coberto por
Seixos a pisar em
Espinhos caminho
Tortuoso duro que
Nem Jesus Cristo
Traçou via tão cruel
De qualquer maneira
Que tenha traçado
Jesus era Deus
Filho de Deus
Nem homem sou

Meu coração é muito afetivo; BH, 0270701999; Publicado: BH, 0290602011.

Meu coração é muito afetivo
Tudo que for referente que
Diz respeito a afeto quer
Tomar conhecimento meu
Coração é muito afeiçoado
Muito afetuoso tenho até
Vergonha parece coração
Dum banana não é de pedra
Não é de aço não é se ferro é
Um coração de manteiga tem
Muito afeto dentro o que o
Faz chorar à toa à toa a mim
Também que o faz ter muito
Sentimento de amizade carinho
Afeição tenho pena do meu
Coração muito carinhoso
Qualquer affaire qualquer
Acontecimento ou questão
Que apaixona ou escandaliza
De público ou não qualquer
Caso amoroso abala este meu
Coração deixa-o prostrado
Lançado por terra desprovido
Despreparado à mercê do
Vendaval da tempestade da
Ventania não há rochedo não
Há terra firme onde possa
Lançar as suas raízes meu coração
É assim assim é meu coração

A fé porque não falar da fé? BH, 0250501999; Publicado: BH, 0290602011.

A fé porque não falar da fé?
Duas letras efe e uma só
Sílaba fé ai daquele que não
Tiver fé o que será do homem?
O que será da humanidade? o
Que será do universo? sem a
Fé? a fé que cura a alma
Fortalece o espírito remove
Montanhas abre os oceanos
Deixa seco o leito dos mares
Por onde se pode andar a fé
Que ressuscita dá fôlego
Coragem destemor a fé
Vence o inimigo derrota
A maldade a mentira a
Falsidade a pobreza a
Miséria com fé tiramos da
Terra leite da poeira mel
Da rocha água deixamos
De rastejar andamos com as
Próprias pernas traçamos o
Próprio destino isto é a fé

Preciso aprender a sofrer; RJ, 0220501997; Publicado,: BH, 0290602011.

Preciso aprender a sofrer
Tão covarde de medroso
Que qualquer sofrimento
Põe-me abaixo preciso
Aprender a ser solitário
Um lobo da estepe a
Uivar sozinho a vagar
Pelos prados um leão
Ferido sem alma à vista
Que lhe queira curar
Preciso aprender a
Padecer a morrer todo
Dia a perecer toda noite
A amanhecer podre
Largado em cima
Duma maca de mesa
De dissecação a sofrer
A autopsia ainda
Consciente apesar de
Estar em adiantado
Estado de putrefação
Preciso aprender a
Passar por isto
Contentar-me em
Dividir a lavagem
Que os porcos do
Chiqueiro se recusaram
Em comer alimento-me
Então dos meus próprios
Vermes tiro das minha
Feridas os bichos que
Saciam minha fome
Mato minha sede com
Meu próprio sangue venoso

Como posso falar de coisas belas; RJ, 0220501997; Publicado: BH, 0290602011.

Como posso falar de coisas belas
Saudáveis amor paz união ou
Falar de felicidade harmonia
Irmandade dum lado vejo a
Burguesia os abastados
Milionários a elite seus filhotes
Sustentadores doutro lado o
Que vejo? vejo o povo os sem
Teto sem terra os sem alimento
Sem educação de que lado fico?
Fico do lado dos marginais das
Prostitutas homossexuais oprimidos
Fico do lado dos explorados
Torturados sem saúde prego
Então a mensagem vamos inverter
O quadro colocar a elite e a burguesia
Em nosso lugar irmos todos juntos
Para o lugar deles bater de pau neles
Acabar com a burguesia a elite
Criar um povo rei um povo
Soberano sublime justo

A melhor forma de afeminar-se para quem quer; BH, 0270601999; Publicado: BH, 0290602011.

A melhor forma de afeminar-se para quem quer
É efeminar-se não o aferente que conduz o
Homem a esta aférese que é a perda dum ou
Mais sons no início duma palavra nem na
Afinação da voz a afenção só é feita por quem
Entende o assunto o aferido profissional o que
Afere o que vai aferir conferir com seus
Respectivos padrões assinalar na escala marcar
Uma conferência para estudar o assunto avaliar
O timbre comparar o tom o que for aferível
À voz do indivíduo deixar a flor desabrochar
Pois não adianta aferrar nem prender com ferro
Agarrar pelos colarinhos segurar fortemente
Pelos pulsos ancorar a alma no fundo do mar
Arpoar o coração com arpão fincar o punhal
No crânio agarrar-se à uma teoria apegar-se
À uma tese aferretar marcar com ferrete
Muito menos estigmatizar o iniciante aferretear
A vontade do cujo que quando a voz afina
Pode ser mas nem sempre é o sinal que
O bicho vai mudar de lado

Para aferventar o espírito; BH, 0270601999; Publicado: BH, 0290602011.

Para aferventar o espírito
Dar uma ligeira fervura
Na vida na alma para
Excitar a mente apagada
Apressar o caminho em
Busca das respostas das
Soluções para alvoroçar
O cérebro que quer se
Prender que quer se
Aprisionar nas masmorras
Das correntes das algemas
Dos cepos do passado para
Fluir com sangue novo
Fresco furar com ferrão
Picar na ponta da faca
Espicaçar com facão
Toda ideia diabólica
Todo ideal obscuro
Que queira tirar o mundo
Do caminho da salvação
Afligir até às lágrimas os
Espalhadores do terror
Sofrimento aferroar com
Pregão inoxidável com
Cravo marreta para
Deixá-los padecer
Sem água pão para
Enxergar além do
Horizonte o verdadeiro
Azul do céu o caminho
Mais curto para transpor
O abismo circular a
Montanha que a nossa
Pequena fé não vai fazer
Remover do lugar no
Final o desterro com
Aferro será o preço
Que cada um pagará
Por teimar em não
Querer se integrar

Sammy Davis Jr, I've gotta be me; BH, 0290602011.


Whether I'm right or whether I'm wrong

Whether I find a place in this world or never belong

I gotta be me, I've gotta be me

What else can I be but what I am

I want to live, not merely survive

And I won't give up this dream

Of life that keeps me alive

I gotta be me, I gotta be me

The dream that I see makes me what I am

That far-away prize, a world of success

Is waiting for me if I heed the call

I won't settle down, won't settle for less

As long as there's a chance that I can have it all

I'll go it alone, that's how it must be

I can't be right for somebody else

If I'm not right for me

I gotta be free, I've gotta be free

Daring to try, to do it or die

I've gotta be me

I'll go it alone, that's how it must be

I can't be right for somebody else

If I'm not right for me

I gotta be free, I just gotta be free

Daring to try, to do it or die

I gotta be me






terça-feira, 28 de junho de 2011

Penso que hoje; BH, 0250501997; Publicado: BH, 0280602011.

Penso que hoje
É dia vinte cinco de maio
Estava a pensar que era
Vinte quatro perguntei à
Minha sobrinha quanto do
Mês é hoje? respondeu-me
Vinte três logo segunda
Vinte quatro hoje terça
Feira vinte cinco agora
Percebo o que está
Certo não tenho mais
Dúvidas já localizei-me
No tempo já localizei-me
No espaço estou em
Belo Horizonte capital
De Minas Gerais a esperar
Uma oportunidade de
Colocar à luz do dia tudo
Que já criei se criei tudo
Nestes quarenta quatro
Anos de existência se
Encontrar pelo menos
Um ledor neste imenso
Brasil darei-me por
Satisfeito darei-me por
Pago pois tenho que
Reconhecer que não sou
Nenhum mago não sou
Nenhum santo nem sei
Fazer milagres lidar com
A escrita tem que ser
Uma coisa ou outra

O mar soprou; RJ, 0230501997; BH, 0280602011.

O mar soprou
Sobre nosso amor
A brisa mais fresca
Que a noite de verão
Poderia ter na hora
Exata em que recebia
Em minha boca o
Beijo cheio de desejo
De tua deliciosa boca
Ávida de beijo
Melhor não poderia ser
Passar assim a noite
Juntinho de ti
Agarradinhos à beira-mar
Sem nada para separar
Sem nada para perturbar
Só no ouvir do vai vem
Das ondas do mar
Que vêm espiar
A brincar com a noite
Nesta alegre canção
De embalar amor

Estou tão fora do tempo; BH, 0240501999; Publicado: BH, 0280602011.

Estou tão fora do tempo
Tão deslocado do espaço
Que nem sei que dia é hoje
Marquei no papel vinte
Quatro de maio de mil
Novecentos noventa
Nove porém não tenho
Como confirmar que dia é
Hoje espero que seja vinte
Quatro de maio de mil
Novecentos noventa
Nove, mesmo para ficar
Tudo certo se não for
Que desculpe-me o leitor
Se um dia houver um que
Faça questão mas não
Vai ficar a saber quanto é
Hoje do mês terça-feira
Sei que é pois ontem
Foi segunda antes de
Ontem foi domingo estou
Tão fora do tempo tão
Fora de época de era de
Moda que nem sei qual é
O meu papel nesta vasta
Engrenagem que move a
Humanidade em busca do
Amor da felicidade da paz
Da razão torço com o fim
Das guerras da perdição

A última folha da vida; RJ, 0280501997; Publicado: BH, 0280602011.

A última folha da vida
Acabou de virar a última
Página do livro que conta
A trajetória dum espermatozoide
Em busca duma consolidação
Num mundo anormal com
Guerras guerrilhas terrorismos
Sequestros fome miséria tudo
De anormal que uma
Humanidade precisa
Passar a sentir a última
Gota foi pingada pode
Até fecundar formar um 
Ser cheio de complexos
Problemas vai herdar
Todos os temores todos
Os medos covardias de
Toda a raça humana que
Sobrevive neste mundo
Pode até ser clonado
Pode até ser de proveta
De tubo de ensaio tudo
Mais é a última molécula
De ar dentro do pulmão é
Última gota de sangue
Dentro do coração foi
Tudo lavado é tudo novo
Colocado de plástico se
Acabou o temor humano
Agora só humanoides
Sem medo de céu
Sem medo de inferno
É a última folha da vida

Só sei fingir só sei simular; BH, 0270601999; BH, 0280602011.

Só sei fingir só sei simular
A verdade não me habita
A mentira é o meu lugar só
Sei abalar causar doença
Atingir as pessoas atacar
Todos aquelas que querem
Ajudar-me a me tirar das
Sombras meu órgão não
Transmite saúde meu estado
É péssimo não sei agir com
Naturalidade só sei adotar
Maneiras pedantes adotar
Atitudes grosseiras posto-me
Expresso-me de modo
Exagerado transviado penso
Que sou um bom ator o meu
Papel é afetar as pessoas
Principalmente aquelas que
Demonstram comigo ima certa
Afetividade a minha afetação é
Que é o meu mal simulacro
O meu pedantismo a minha
Presunção o pior é que sou um
Cego um ex-artista amador não
Sei enxergar-me ver-me olhar-me
Sinto aferrolhar meu coração ao
Fechar-me por dentro com ferrolho
Guardar bem dentro de mim os
Sete pecados capitais guardar igual
Se guarda dinheiro as dez faltas
Condenadas nos Dez Mandamentos

Estamos aqui; BH, 0280401999; Publicado: BH, 0280602011.

Estamos aqui
Na Rua Epaminondas Moura e Silva
Número 86 fundos Planalto BH MG
Eu o Lucas meu filho
Nazaré saiu pra procurar emprego
Felipe foi ao colégio
Yaznayah também
Como ainda não tenho nada para fazer
Não encontramos escola para o Lucas
Ficamos os dois em casa
Ontem extraiu no dentista
Um dente careado
Agora vive a zanzar pela casa
Casa não porão onde tudo umedece
Quase todos os meus livros mofaram
Ou foram furados por traças
Vendi alguns bons para beber umas
Entra numa porta
Sai na outra
Vai à cozinha
Vai ao banheiro
Assusta as moscas
Mexe remexe nas coisas
Dois solitários
O céu está nublado
Mas sem jeito de chuva
No fogão uma panela de feijão
Ferve para o jantar
Lavei alguma louças
Li um pouco
Agora escrevo estas parcas linhas
A tentar banir o tédio
Que quer se apoderar
De minha alma

Quando a porta se abrir; RJ, 0270501997; Publicado: BH, 0280602011.

Quando a porta se abrir
A luz passar por mim
Como um raio x os
Obstáculos que se
Tornam nossos
Sofrimentos diários
Se transformarão em
Brincadeiras de crianças
Não mais terei tormentos
Tempestades nem as naturais
Nada de furacões ciclones nada
De maremotos terremotos só
Esperança bonança nada de
Tromba d'água frente fria
Ressaca enchente de lágrimas
Gritos de lamúrias deixa só a
Porta se abrir escancarar-se
À minha frente jogarei
Ladeira abaixo todos os
Empecilhos que atrasam
A vida que a gente leva
Mais um pouco de paciência
Mais um pouco de tolerância
Já me sinto banhado por uma
Luz diferente uma luz que
Vem de dentro da escuridão
Interior sinto-me livre leve
Solto feito a neve que cai
Macia de madrugada a deixar
As pessoas mais unidas mais
Ligadas em intermináveis
Noites de amor quando a porta
Se abrir deixa só a porta se abrir

Guerra Junqueiro, A benção da Locomotiva; BH, 0280602011.

A obra está completa.
A máquina flameja,
Desenrolando o fumo em ondas pelo ar.
Mas, antes de partir mandem chamar a Igreja,
Que é preciso que um bispo a venha baptizar.
Como ela é concerteza o fruto de Caim,
A filha da razão, da independência humana,
Botem-lhe na fornalha uns trechos em latim,
E convertam-na à fé Católica Romana.
Devem nela existir diabólicos pecados,
Porque é feita de cobre e ferro; e estes metais
Saem da natureza, ímpios, excomungados,
Como saímos nós dos ventres maternais!
Vamos, esconjurai-lhes o demo que ela encerra,
Extraí a heresia ao aço lampejante!
Ela acaba de vir das forjas d'Inglaterra,
E há-de ser com certeza um pouco protestante.
Para que o monstro corra em férvido galope,
Como um sonho febril, num doido turbilhão,
Além do maquinista é necessário o hissope,
E muita teologia... além de algum carvão.
Atirem-lhe uma hóstia à boca fumarenta,
Preguem-lhe alguns sermões, ensinem-lhe a rezar,
E lancem na caldeira um jorro d'água benta,
Que com água do céu talvez não possa andar.

Imagine afear-me duma vez por todas; BH, 0270601999; Publicado: BH, 0280602011.

Imagine afear-me duma vez por todas
Tornar-me um feio igual a um afegão ou
Um talibã do Afeganistão que nem a mais
Bela afegã vai querer beijar são ultrarradicais
Muçulmanos demais os afeganes das capitais
Os afegãos do interior não têm afeição pelo
Ocidental não têm inclinação afetiva não
Querem amizades querem terrorismos as
Bombas atômicas não sabem ser um povo
Afeiçoado que sentem afeição por outro
Povo não sabem ser um povo amigo é um
Povo belicoso o alimento deles é a guerra
O afeiçoamento do poeta é maior o poeta
Quer afeiçoar inspirar afeição a esse povo
Hostil o poeta quer dar feição forma às
Mulheres de burcas desse povo adaptar à
Realidade do mundo acomodar a paz o
Amor no semblante carregado das burcas
Nas barbas de arame farpado dos homens
Bombas deixar as crianças afegãs tomar
Afeição pelas flores não pelos fuzis bombas
Corão no futuro da humanidade esse povo
Afeito adulto já habituado acostumado ao
Afeto com amor paz no mundo sobreviver livre

Deixei cinco dias atrás; RJ, 0160401999; BH, 0210230401999; Publicado: BH, 0280602011.

Deixei cinco dias atrás
A cidade do Rio de Janeiro
Mudei-me de mala de cuia
Para Belo Horizonte a
Capital de Minas Gerais
Hoje 21 de abril dia da
Comemoração da Inconfidência
Mineira dia da morte do grande
Mártir Joaquim José da Silva
Xavier o Tiradentes aproveito
Para escrever a primeira
Manifestação minha aqui na
Minha volta à esta agradável
Cidade apesar de que ontem
Fui descaradamente roubado
Ao retirar a minha identidade
A segunda via do CPF em cada
Local fui literalmente roubado
Em cinco reais fora estes
Incidentes volta o encontro com
A família ocorreram em mais
Perfeita paz aqui termino este
Primeiro manifesto em solo
Mineiro depois de vinte cinco
Anos fora deste eixo materno
Voltei para ficar

Preciso sair deste buraco; RJ, 0270501997; Publicado: BH, 0280602011.

Preciso sair deste buraco
Galgar este abismo emergir
Deste espaço de depressão
Que me deixa atormentado
Em verdadeiro estado de
Pânico preciso dar a volta
Por cima ou vou querer me
Matar vou querer dar fim a
Esta vida cruel sem amor
Sem paz sem perspectivas
De melhoras não vejo saída
No fim do túnel não vejo
Uma luz natural capaz de me
Guiar pelas veredas que me
Levam de encontro à felicidade
Desejada é necessário paz
Presença de espírito isto não
Tenho perdi há muito tempo
Vivo numa corda bamba
Inseguro intranquilo a procurar
Agulhas em palheiros na escuridão
Do infinito que se fechou sobre mim
Enterrou-me de ponta cabeça depois
Dum pontapé na bunda quando vi a
Fria que entrei era tarde demais
Não deu mais tempo para reagir
Foi o caos em minha alma o
Inferno em meu espírito perdi
Todas as chances que me foram
Apresentadas perdi todas as
Oportunidades que foram
Lançadas à minha frente a
Inteligência falhou na hora
Certa todo caminho que tentei
Seguir tinha um abismo no meio

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Como gostaria de ser um ser agradável; BH, 0270601999; Publicado: BH, 0270602011.

Como gostaria de ser um ser agradável
Suave no trato um homem cativante afável
Com todo mundo como gostaria de me
Afazendar comprar muitas terras possuir
Muitas fazendas onde a fauna a flora a
Natureza toda seriam intocáveis como
Gostaria de enriquecer comprar todas as
Serrarias todas as fábricas de armas
Fechá-las duma vez por todas como
Gostaria de afazer-me sem a presença
Da preguiça a habituar-me ao trabalho a
Acostumar-me a não viver na dependência
Doutros nem do povo igual ao bando de
Parasitas do congresso outras funções
Públicas como gostaria de ter muitos
Afazeres aquilo com que me ocupar,
Que não sejam estas letras tautológicas
Deveres do dia a dia trabalho infinito
Em benefício das matas florestas
Bosques tudo que dependesse dum
Poder maior para ser respeitado para
Ser preservado onde ninguém ninguém
Mesmo metesse a mão para poder
Destruir minha afecção meu estado
Mórbido meu comportamento doentio
Minha doença seria amar ao mundo
Desta tal maneira

Tantas são as dívidas; RJ, 0160401999; Publicado: BH, 0270602011.

Tantas são as dívidas
Que não sei como fazer para
Pagá-las nem sei por onde
Começar se devo aluguel
Contador impostos multas
Taxa de incêndio água luz
Açougue cloro tantas são as
Dívidas que se o dinheiro
Não entrar entra o pânico
Quando o dinheiro entrar
Não dá para cobrir as
Despesas finais o dia em
Que me livrar de todas as
Dívidas que tenho vou
Começar um pé de meia
Juntar um dinheirinho
Pensar no futuro agora a
Situação não está para
Bobear se bobear perde
Se dormir a dívida cresce
Tantas são que perdemos
As contas perdemos as
Esperanças de poder
Pagá-las se não pagarmos
Passamos por caloteiros a
Maior vergonha do pobre é
Ser chamado de mau pagador

Podes dizer o que quiseres; RJ, 0260501997; Publicado: BH, 0270602011.

Podes dizer o que quiseres
Podes me xingar me bater
Amaldiçoar dizer que não
Presto que não sirvo para ti
Para nada que vais me
Abandonar podes dizer que 
Sou feio careca barrigudo
Que não gosto de tomar
Banho podes dizer que como
Demais bebo demais que não
Sou moderno nem sei me
Cuidar permanecerei calado
Minha voz não vou levantar se
Quiseres sair a bater a porta
Podes ter a certeza, que
Também não vou chorar
Nem vou derramar uma
Lágrima sequer por mais
Que sejas mulher resolvi a
Não sofrer vou até fazer
Um samba lançar um CD
Quem sabe não seja
Compensado ganhe de
Mão cheia um montão
Igual a ti pois no mundo
O que não falta é mulher
A querer amar a querer
Um homem para lhe dar
Calor saber dar de volta
O carinho recebido a boca
Cheia de beijos o devido
Valor podes dizer o que
Quiseres não vais mais
Encher meus ouvidos de
Tantas lamentações

domingo, 26 de junho de 2011

The Ross Sisters, Solid Potato Salad (1944); BH, 0260602011.

Não quero me afaimar; BH,0260601999; Publicado: BH, 0260602011.

Não quero me afaimar
Pelo sucesso pela fama
Não quero me projetar
Ver causar em mim fome
Por lucro ou cifrão não
Quero me ver famoso me
Afamar perante as pessoas
Se não tenho talento não
Tenho dom nem tenho
Carisma quero só me
Afamilhar constituir
Família numerosa como
Mineiro do interior não
Quero afanar para mim
A atenção de ninguém
Nem da mídia nem da
Imprensa o feio é
Conseguir com afã
Pagar qualquer preço se
Vender por qualquer preço
Roubar a verdade entregar-se
Ao trabalho afadigar-se para
Propagar a mentira como
Sofro de afasia padeço tenho
Incapacidade dificuldade de
Falar escrevo com afã sou
Um ser afásico afastador de
Tudo referente fala não sei
Falar quando tenho que falar
Este é o meu afastamento
Minha distância agora é
Aprender a escrever é
Afastar-me de vez desviar-me
De quem quer que fale alguma coisa

Quatro membros efetivos; RJ, 0160401999; Publicado: BH, 0260602011.

Quatro membros efetivos
Da sociedade dos cabeças
Ocas estão reunidos agora
Ali em frente ao bar bebem
Cervejas divagam na falta
De pensamentos na falta de
Perspectivas de lucidez de
Espírito são quatro membros
Titulares da sociedade dos
Cabeças ocas nada por
Dentro nada por fora só o
Quadro triste que vejo
Por estarem aqui à frente
Quatro componentes
Dos cabeças ocas quem
Quiser entrar pode entrar
Não é necessário pensar
Não é necessário existir
É só ficar parado no tempo
No espaço não projetar
Nada não fazer nada nem
Esperar por nada nem pela
Morte pois a morte não quer
Nenhum membro da sociedade
Dos cabeças ocas

Às vezes nos pegamos desprevenidos; RJ, 0260501997; Publicado: BH, 0260602011.

Às vezes nos pegamos desprevenidos
Despreparados indecisos às vezes nos
Encontramos em dúvidas sem saber o
Que fazer sem saber qual o caminho a
Seguir a incerteza a desesperança nos
Tornam pessoas vacilantes temerosas
Fragilizadas temerárias precarizada
Acabamos a não sair do lugar a perder
As oportunidades que estão sob nossos
Narizes não conseguimos aproveitar
Qualquer bater de pé nos faz estremecer
Qualquer grito mais alto nos faz rastejar
Nos humilha ao chão ficamos estendidos
Sem sequer uma reação é por isso que
Devemos procurar a todo momento estar
Sempre em plano om a nossa inteligência
Com a nossa sabedoria plena com os
Nossos sentidos aguçados toda atenção
É pouca a prevenção pode salvar nossas
Vidas se todos os atos que fizermos for
Em equilíbrio om nosso conjunto mental
Sairemos do atoleiro nossa compensação
Virá em forma de benefícios que nos 
Farão encontrar uma vida melhor

A afabilidade da chegada; BH, 0270601999; Publicado: BH, 0260602011.

A afabilidade da chegada
Da aproximação da noite
Traz a certeza de que vai
Ser afável depois do dia
Afadigar do causar fadiga
No trabalho do fatigar de
Andar pelas ruas a perseguir
Os lucros nas bolsas ao cansar
Sentado no escritório no afligir
Com o pequeno salário que
O patrão dá de esmola pelo
Trabalhar com afã tudo pausa
Ao sentir o afagar da noite e
A fazer afago na esposa nas
Crianças a acariciar o lençol
Da cama a alisar os cabelos
Da amada a alimentar a mente
Quente com ideias de gente
De projetos saudáveis a
Aparar as saliências do lar
Com sabedoria inteligência
Desbastar a voz de homem
Tornar o homem menos
Basto com a voz menos
Espessa tirar o grosso da
Voz no falar com a esposa
Fazer desaparecer o que há
De rude ou de grosseiro
Dentro da alma aperfeiçoar
O sussurro num afago de
Demonstração de carinho
Num gesto carinhoso numa
Carícia um mimo só por a
Amada no colo cantar uma
Canção de ninar levar as
Crianças para a cama
Deixar a tranquilidade
Da noite embalar o amor
Verdadeiro o melhor amor
Possível merecedor de todo prazer

O amor sublime amor; RJ, 0160401999; Publicado: BH, 0260602011.

O amor sublime amor
Que maravilha é o amor
Imenso e sem fim é mais
Alto que o céu mais
Profundo que o mar
Quem não tem amor
Quem não sabe amar
Não pode se revelar
Uma pessoa digna de
Ser chamada de pessoa
Se nós juntássemos
Todas os qualificativos
Que todas as línguas
Do mundo idiomas
Dialetos possuem não
Seriam suficientes para
Definirem o amor só é
Amor porque é
justamente aí que
Nós paramos por não
Conhecer o ser humano
Um sentimento maior
É o amor cantado em
Todas as canções
Músicas melodias
Ainda é pouco diante da
Pureza que o amor exala

Estou aqui postado diante de ti; RJ, 0140501997; Publicado: BH, 0260602011.

Estou aqui postado diante de ti
Rastejei igual a uma serpente o
Mais vil dos répteis comi as
Sobras que os porcos não
Tiveram mais vontade de comer
Convivi com ratos de verdade em
Verdadeiras tocas de esconderijos
Cheios de lacraias de escorpiões
Meu espírito quebrantado coração
Dilacerado alma afundada em
Dúvidas por dívidas impagáveis
Sem dádivas que nunca recebi
O teu olho passou por mim
Atravessou-me em cheio o peito
Fiquei traspassado por teu olhar
Como se fosse uma lança em
Brasa fulminou-me de vez olhar
Mais cortante do que o fio de
Navalha não adiantou toda a
Negação de todo o complexo
Meu que sou em virtude do
Teu eu pois me transformastes
Em cinzas sem observar que
Meu ser padecia que só uma
Migalha do teu amor só um
Reflexo do teu olhar uma
Molécula da tua saliva
Bastaria para ressuscitar-me
Nada e nem sombras voastes
Pássaro fora da gaiola gaivota
Pulsante livre que nenhuma
Corrente de coração prendeu
Até os dias de hoje porém
Cujo coração usou destruiu
Tantos corações a matá-los
Sem percepção para o amor
Inclusive o meu coração 

O ar III para aqueles que não tomam conhecimento; BH, 0270601999; Publicado: BH, 0260602022.

O ar III para aqueles que não tomam conhecimento
Da existência importância do ar para aqueles que
Respiram nem sabem porque nem merecem o ar
Que respiram vivem de aeroporto em aeroporto não
Vivem o local com instalações apropriadas para
Decolagem pouso de aeronaves atendimento de
Seus tripulantes passageiros serviços que a
Aerostática é parte da mecânica que estuda o
Equilíbrio dos gases da atmosfera que o estudo
Dos aeróstatos a tese do aerostático ou o referente
À aerostática no uso do balão inflado com gás
Que se eleva no ar até dirigível a aerovia rota de
Aviões do transporte aeroviário tem quem trabalha
Em terra é aéreo numa empresa ou outra causa
Num afã deixo de legado todo o trabalho excessivo
Do ar a azáfama pelo conhecimento do ar a labuta
Que é estudar o ar a fadiga que causa a falta de ar
O anseio veemente do pulmão onde o ar puro não
Pode mais chegar a aflição daquele que tem asfixia
Que morre afogado que morre asfixiado tem
Suspensão da respiração com sufocação não aprende
A amar o ar prolongue a vida do ar a tua será eterna

sábado, 25 de junho de 2011

Beatles, You've Got To Hide Your Love Away; BH, 0250602011; ouçam, cantem, toquem, dancem.





G       D                F          G
Here I stand with head in hand
C                            F    C
Turn my face to the wall
G         D         F          G
If she's gone, I can't go on
C                      F          C/D
Feeling two feet small
G      D       F         G
Everywhere people stare
C                     F      C
Each and everyday
G     D            F          G
I can see them laugh at me
C                       F       C   D/D7b/D6b/D5b
And I hear them say
G                       C                     D4/D/D9/D
Hey, you've go to hide your love away
G                       C                     D4/D/D9/D
Hey, you've got to hide your love away
G           D  F    G
How can I even try
C                F    C
I can never win
G         D       F        G
Hearing them, seeing them
C                    F     C    D
In the state I'm in
G               D    F         G
How could she say to me
C                       F      C
Love will find a way?
G         D       F         G
Gather' round all you clowns
C                       F       C   D/D7b/D6b/D5b
Let me hear you say
G                        C                      D4/D/D9
Hey, you've got to hide your love away
G                         C                     D4/D/D9
Hey, you've got to hide your love away
G/D/F/G/C/F/C
G/D/F/G/C/F/C/D

JOSÉ IGNÁCIO PEREIRA, O POETA DO CÉU AZUL, O céu; BH, 0250602011.

O céu é o sagrado livro da lei,
O pão é a oferta do trigo maduro,
É preciso acreditar que tem futuro,
A esperança do amor, cantar, cantei.

Tempo de unir os corações,
Celebrar a era nova que virá.
Tempo de estender a mão e a flor,
Tempo de cantar ao Deus-dará.

Que se forme a nova criatura
A reger o mundo para a paz,
Se a fé é o batismo da água pura,
Um pouco do milagre a gente faz.

Agora o tempo humano se incendeia.
Há de para sempre renascer.
Somos todos nós os grãos de areia
Da praia do mistério conhecer.

Amada Maya, a lua permanece
Marcando o tempo da transformação.
A gente quando reza faz a prece
Do sonho de salvar o coração.

Estrelas são palavras reluzentes,
Clamando afeto o firmamento fala,
Meu canto são luzeiros tão ardentes,
Eu vou cantar o amor em Guatemala.

Llewellyn Medina, Morro de saudade; BH, 0250602011.

Morro de saudade dos morros de Minas
Meias laranjas que teimam em recortar o horizonte
Dos rios preguiçosos que parecem voltar
Fazendo curvas elegantes
Sempre em direção ao mar longínquo.

Morro de saudade da cidadezinha do interior
Do galo que canta ao alvorecer
E do outro que responde co-co-ro-co-có
Até que os cale a força da manhã.

Morro de saudade da palmeira solitária
Que sustenta simétricas folhas bem longe do solo
Num desenho harmonioso de linhas retas
E despojadas.

Morro de saudade da rua de paralelepípedos
Que faz ecoar os passos
Do mineiro desconfiado
Porque as coisas são como são
Mas não o revoltam.

A estrada de Minas é sempre vigiada
Pelo boi que balança o rabo filosoficamente
Concordando em que as coisas são sempre assim
E mudá-las que há de?
Mas esta é apenas uma Minas
Muitas outas há
Por isso se diz
Minas Gerais
É por ela que eu morro de saudade.

Tito Júlio Fedro, A novilha, a cabrinha, a ovelha e o leão; BH, 0250602011.

A sociedade com o mais forte nunca é segura;
Esta pequena fábula atesta a minha proposição.
A vaca, a cabrinha e a ovelha, alvos constantes
De agressões, fizeram uma sociedade com o
Leão na floresta.
Como tivessem capturado um veado corpudo,
Após separarem as partes, assim falou o leão:
"Eu pego a primeira.
Ela é minha porque me chamo rei.
Vós me entregais a segunda porque sou socio.
A terceira me cabe porque tenho mais força.
Se alguém tocar na quarta, ser-lhe-á aplicada a
Pena."
Assim o maldoso arrebatou, sozinho a presa
Inteira.

Manoel de Barros, O Aferidor; BH, 0260602011.

Tenho um Aferidor de Encantamentos.
Uma açucena encostada no rosto de uma criança
O meu Aferidor deu nota dez.
Ao nomezinho de  Deus no bico de uma sabiá
O Aferidor deu nota dez.
A uma fuga de Bach que vi nos olhos de uma criatura
O Aferidor deu nota vinte.
Mas a um homem sozinho no fim de uma estrada
Sentado nas pedras de suas próprias ruínas
O meu Aferidor deu DESENCANTO.
(O mundo é sortido, Senhor, como dizia meu pai.)

Casimiro de Abreu, Palavras no Mar; BH, 0250602011.

Se eu fôsse amado!...
Se um rosto virgem
Doce vertigem
Me desse n'alma
Turbando a calma
Que me enlanguece!...
Oh! se eu pudesse
Hoje - sequer -
Fartar desejos
Nos longos beijos
Duma mulher!...
Se o peito morto
Doce confôrto
Sentisse agora
Na sua dor;
Talvez nesta hora
Viver quisera
Na primavera
De casto amor!
Então minh'alma,
Turbada a calma,
 - Harpa vibrada
Por mão de fada -
Como a calandra
Saúda o dia,
Em meigos cantos
Se exalaria
Na melodia
Dos sonhos meus;
E louca e terna
Nessa vertigem
Amara a virgem
Cantando a Deus!

Antônio Nobre, Soneto X; BH, 0250602011.

Longe de ti, na cela do meu quarto,
Meu corpo cheio de agoirentas fezes,
Sinto que rezas do Outro-mundo, harto,
Pelo teu filho, Minha mãe, não rezes!

Para falar, assim, vê tu! já farto,
Para me ouvires blasfemar, às vezes,
Sofres por mim as dores cruéis do parto
E trazes-me no ventre nove neses!

Nunca me houvesses dado à luz, Senhora!
Nunca eu mamasse o leite aureolado
Que me fez homem, mágica bebida!

Fôra melhor não ter nascido, fôra,
Do que andar, como eu ando, degredado
Por esta Costa d'África da Vida.

                                                              (Coimbra, 1889.)

Álvaro de Campos/Fernando Pessoa, Poema em Linha Reta; BH, 0250602011.

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse não uma violência, mas uma cobardia!

Não, são todos o Ideal, se o oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus supriores sem titubear?
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Nietzsche, Mal!; BH, 0250602011.

Mal!
Mal!
Como?
Ele não está indo para trás?
 - Sim!
Mas vocês o compreendem
Mal se o criticarem.
Ele recua como todos aqueles
Que se preparam
Para dar um grande salto.

Nietzsche, O Filósofo e a Velhice; BH, 0240602011.

Não é sábio deixar que a tarde julgue o dia: pois com muita frequência
O cansaço se torna justiceiro da força, do sucesso e da boa vontade.
Igualmente a mais extrema prudência deveria ser imposta à velhice e a
Seu julgamento sobre a vida, visto que a velhice, precisamente como a
Tarde, gosta de manter as aparências de uma nova e sedutora moralidade
E sabe humilhar o dia pelo vermelho de seu acaso, seus crepúsculos, sua
Calma pacífica ou nostálgica.
O respeito que testemunhamos ao velho, sobretudo se esse ancião é um
Velho pensador e um velho sábio, mas torna facilmente cegos a respeito do
Envelhecimento de seu espírito e é sempre necessário colocar à luz os
Sintomas de semelhante envelhecimento e cansaço, isto é, mostrar o
Fenômeno fisiológico que esconde atrás do juízo e do preconceito moral, a
Fim de não nos tornarmos os tolos da piedade e de não prejudicar o
Conhecimento.
De fato, não é raro que a ilusão de uma grande renovação moral e de uma
Regeneração se apodere do ancião e que, a partir desse sentimento, este
Emitia, sobre a obra e o desenvolvimento de sua vida, juízos que poderiam
Levar a crer que acaba de chegar precisamente à clarividência: entretanto, a
Inspiradora desse bem-estar e desse juízo de segurança não é a sabedoria,
Mas o cansaço.
O sinal mais perigoso dessa fadiga é certamente a crença no gênio que
Geralmente não se apodera, senão a partir dessa idade da vida, dos grandes
E semi-grandes homens do pensamento: a crença numa posição excepcional
E em direitos excepcionais.
O pensador que possui esse gênio se considera então livre para levar as coisas
Com superficialidade e decretar mais do que demonstrar: mas é provável que
Seja precisamente a necessidade dessa superficialidade que comprove o
Cansaço do espírito, que é a principal fonte dessa crença, que a precede no
Tempo, embora não apareça.
Além disso, queremos usufruir nesse momento resultados de nossos pensamentos,
Em conformidade com a necessidade de fruição comum a todos os cansados e a
Todos os anciãos; em lugar de examinar novamente esses resultados e recomeçar
A semeá-los, temos necessidade para isso de prepará-los para um gosto novo,
Para torná-los comestíveis e tirar-lhes a secura, a frieza e a falta de sabor: é o que
Faz com que o velho pensador se eleve aparentemente acima da obra de sua vida,
Enquanto na realidade ele a estraga pela exaltação, pelas doçuras, pelos azedumes,
Pelo nevoeiro poético e pelas luzes místicas que lhe mistura.
O que aconteceu a Platão foi o que acabou por acontecer a esse grande francês
Íntegro, ao lado do qual os alemães e ingleses deste século não podem colocar
Ninguém - ninguém como ele soube tomar e dominar as ciências exatas - Augusto
Comte.
Terceiro sintoma de cansaço: essa ambição que agitava o peito do grande pensador
Quando era jovem e que então não encontrava em parte alguma como satisfazer,
Essa ambição também envelheceu; como alguém que não tem mais nada a perder,
Ela se apodera dos meios de satisfação e mais imediatos, isto é, aqueles das
Naturezas ativas, dominadoras, violentas, conquistadoras: a partir de então quer
Fundar instituições que levem seu nome, em vez de fundar edifícios de ideias.
Que lhe importam agora as vitórias e as honras etéreas do reino das demonstrações!
O que é para ele uma imortalidade pelos livros, uma euforia tumultuosa na alma de
Um leitor!
Em compensação, a instituição é um templo - ele bem o sabe, e um templo de pedra,
Construído para durar, mantendo seu deus em vida muito mais seguramente que o
Sacrifício de almas ternas e raras.
Talvez encontre também, nessa época, pela primeira vez esse amor que se dirige mais
A um deus que a um homem, então todo o seu ser se acalma e se amolece aos raios
Desse sol, como um fruto no outono.
Sim, ele se torna também mais divino e mais belo, o grande ancião - e é, apesar de
Tudo, a idade e a fadiga que lhe permitem amadurecer assim, tornar-se silencioso e
Repousar na idolatria radiosa de uma mulher.
Agora conseguiu fazer de seu antigo desejo altaneiro discípulos verdadeiros, desejo
Superior até mesmo a seu próprio eu, discípulos que seriam o verdadeiro prolongamento
De seu pensamento, isto é, adversários: esse desejo tinha sua fonte numa força intacta, na
Altivez consciente e na certeza de poder tornar-se, ele também, a todo momento, o
Adversário e o inimigo irreconciliável de sua própria doutrina - agora necessita resolutos,
Camaradas sem escrúpulos, arautos, um cortejo pomposo.
Agora não é mais capaz de suportar o isolamento terrível em que vive todo o espírito que
Torna seu voo sempre à frente dos outros, cerca-se a partir de então de objetos de
Veneração, de comunhão, de enternecimento e de amor, quer finalmente gozar dos mesmos
Privilégios que todos os homens religiosos e celebrar o que venera na comunidade; irá até
O ponto de inventar uma religão para ter essa comunidade.
É assim que vive o velho sábio e acaba por cair imperceptivelmente numa vizinhança tão
Aflitiva dos excessos clericais e poéticos que mal se ousa pensar em sua juventude sábia
E severa, em sua rígida moralidade cerebral de então, em seu horror viril pelas iluminações
Súbitas e divagações.
Outrora, quando se comparava com outros pensadores mais velhos, era para medir
Seriamente sua fraqueza em relação à força deles e para se tornar mais frio e mais leve livre
Com relação a si próprio: agora não se entrega mais a essa comparação a não ser para se
Embriagar com sua própria ilusão.
Outrora pensava com confiança nos pensadores do futuro e via-se a si mesmo com deleite
Desaparecer um dia em sua luz mais brilhante: agora está atormentado pela idéia de não poder
Ser o último, pensa nos meios de impor aos homens, com a herança que lhes lega, uma limitação
De seu pensamento soberano, receia e calunia a altivez e a sede de liberdade dos espíritos
Individuais; - depois dele, mais ninguém deve dar livre curso a seu intelecto: ele próprio 
Quer ser para sempre o dique onde batem sem cessar as ondas do pensamento - esses 
São seus desejos muitas vezes secretos e nem sempre confessados!
Mas a dura realidade que se esconde por trás desses desejos é que ele mesmo se deteve
Diante de sua doutrina, com ela traçou para si um limite, um "até aqui e não mais longe".
Canonizando-se, redigiu também sua sentença de morte: daí em diante seu espírito 
Não tem o direito de se desenvolver, seu tempo terminou, o ponteiro parou.
Quando um grande pensador quer fazer de si mesmo uma instituição,  
Cooptando a humanidade do futuro, pode-se admitir com certeza que ele além do  
Apogeu de sua força, que está muito cansado e  muito próximo de seu declínio.     

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Tomás Antônio Gonzaga, Lira XII; BH, 0240602011.

Topei um dia
Ao Deus vendado,
Que descuidado
Não tinha as setas
Na impia mão.
Mal o conheço,
Me sobe logo
Ao rosto o fogo,
Que a raiva acende
No coração.

"Morre, tirano;
Morre, inimigo:"
Mal isto digo,
Raivoso o aperto
Nos braços meus.
Tanto que o môço
Sente apertar-se,
Para salvar-se
Também me aperta
Nos braços seus.

O leve corpo
Ao ar levanto;
Ah! e com quanto
Impulso o trago
Do ar ao chão!
Pôde suster-se
A vez primeira;
Mas à terceira
Nos pés, que alarga,
Se firma em vão.

Mal o derrubo,
Ferro aguçado
No já cansado
Peito, que arqueja,
Mil golpes deu.
Suou seu rosto;
Tremeu gemendo;
E a côr perdendo,
Bateu as asas;
Enfim morreu.

Qual bravo Alcides,
Que a hirsuta pele
Vestiu daquele
Grenhoso bruto,
A quem matou;
Para que prove
A emprêsa honrada,
Co'a mão manchada
Recolho as setas,
Que me deixou.

Ouviu Marília
Que Amor gritava;
E como estava
Vizinha ao sítio
Valer-lhe vem.
Mas quando chega
Espavorida,
Nem já de vida
O fero monstro
Indício tem.

Então Marília,
Que o vê de perto
De pó coberto,
E todo envolto
No sangue seu,
As mãos aperta
No peito brando,
E aflita dando
Um ai, os olhos
Levanta ao Céu.

Chega-se a êle
Compadecida;
Lava a ferida 
C'o pranto amargo,
Que derramou.
Então o monstro
Dando um suspiro
Fazendo um giro
Co'a cabeça vista,
Ressuscitou.

Respira a Deusa;
E vem o gôsto
Fazer no rosto
O mesmo efeito,
Que fêz a dor.
Que louca idéia
Foi, a que tive!
Enquanto vive
Marília bela,
Não morre Amor!

Gonçalves Dias, Introdução à "Loa da Princesa Sancta"; BH, 0240602011.

Bom tempo foi o d'outrora
Quando o reino era cristão,
Quando nas guerras de mouros
Era o rei nosso pendão,
Quando as donas consumiam
Seus teres em devação.

Dava o rei uma batalha,
Deus lhe acudia do céu;
Quantas terras que ganhava,
Dava ao Senhor que lhas deu,
E só em fazer mosteiros
Gastava muito do seu.

Se havia muitos Infantes,
Torneio não se fazia;
É esse estilo de Frandres,
Onde anda muita heregia:
Para os armar cavaleiros
A armada se apercebia. 

Chamava el-rey seus vassalos
E em côrtes logo os reunia:
Vinha o povo atencioso,
Vinha muita cleregia,
Vinha a nobreza do reino,
Gente de muita valia.

Quando o rei tinha-os juntos
Começava a discursar:
"Os Infantes já são homens,
Vou-me às terras d'além-mar
Arma-los e cavaleiros;
Deus Senhor m'ha de ajudar."

Não concluia o pujante
Rei - de assim lhes propor
Clamavam todos em grita
Com vozes de muito ardor:
"Seremos nessa folgança,
Honra do nosso Senhor!"

E logo todos em sembra,
Todos gente mui de bem,
Na armada se agazalhavam,
Sem se pesar de ninguém;
E os Padres de São Domingos
Iam com eles também.

Iam, sim, os bentos Padres:
E que assim fosse, e rezão,
Que o sancto em guerras d'Igreja
Foy hum bom sancto christão:
Queimou a muitos hereges
No fogo da expiação!

Quando depois se tornava
Toda a frota pera cá,
Primeiro se perguntava,
"Que terras temos por lá?"
Quem Deos tanto confia,
Sempre Deos por si terá.

El-rei tornava benino,
Como coisa natural:
"Temos Ceita, Arzilla ou Tangere,
Conquistas de Portugal!"
E todos, a voz em grita,
Clamavão: real! real!

Bom tempo foy o d'outr'ora
Quando o reyno era christão;
Os moços davão-se á guerra,
As moças á devação:
Aquella terra de mouros
Vivia em muita afflicção.

Deo-nos Deos tantas victorias,
E tanto pera louvar,
Que os Padres de Sam Domingos
Ja não sabião rezar;
Todo-lo tempo era pouco
Pera louvores cantar!

Sendo tantas as batalhas,
Nem recontro se perdeo!
Aquelles Padres coitados
Não tinhão tempo de seo
Levavão todo cantando
Louvores ao pay do céo.

Louvores ao pay do céo,
Que eu inda possa trovar,
Quando não vejo nos mares
Nossas quinas tremolar;
Mas somente o templo mudo,
Sem guarnimentos o altar!

Vejo os sinos apeados
Dos campanarios subtiz,
E a prata das sacristias,
Servida em misteres vis,
E ante aos leões de Castella
Dobrada a Luza cerviz!

Canr'eu, em bem que sou Padre,
Diga que sou Portuguez:
Arço de ver nossas coizas
Hirem todas ao revez,
Arço de ver nossa gente
Andar comnosco ao envez.

Mercê de Deos! minha vida
He vida de muita dura!
Vivo esquecido dos vivos
Na terra da desventura;
Vivo escrevendo e penando
N'um canto de cella escura.

Do meo velho breviário
Só deixarei a leitura
Pera escrever estes carmes,
Remedio á nossa armagura;
O corpo tenho alquebrado,
Vive minha alma em tristura.

Babilak Bah, Ninguém; BH, 0240602011.

Nin
Guém
Exige
Um pó
Ema de
Fidel nem
Tão pouco
Uma
Canção do Che
Menos
Ainda uma ópera
Composta
Pelas
Mãos de Mao,
No en
Tanto
Exige-se do ar
Tista pos
Tura poli
Tica e ideo
Logia

Mário Quintana, Velha História; BH, 0240602011.

Era uma vez um homem que estava pescando, Maria.
Até que apanhou um peixinho!
Mas o peixinho era tão pequenininho e inocente, e
Tinha um azulado tão indescritível nas escamas, que
O homem ficou com pena.
E retirou cuidadosamente o anzol e pincelou com iodo
A garganta do coitadinho.
Depois guardou-o no bolso traseiro das calças, para
Que o animalzinho sarasse no quente.
E desde então ficaram insaparáveis.
Aonde o homem ia, o peixinho o acompanhava, a trote,
Que nem um cahorrinho.
Pelas calçadas.
Pelos elevadores.
Pelos cafés.
Como era tocante vê-los! - o homem, grave, de preto,
Com uma das mãos segurando a chícara, de fumegante
Moca, com a outra lendo o jornal, com a outra fumando,
Com a outra cuidando do peixinho, enquanto este, silencioso
E levemente melancólico, tomava laranjada por um canudinho
Especial...
Ora, um dia o homem e o peixinho passeavam à margem do
Rio onde o segundo dos dois fora pescado.
E eis que os olhos do primeiro se encheram de lágrimas.
E disse o homem ao peixinho:
"Não, não me assiste o direito de te guardar comigo.
Por que roubar-te por mais tempo ao carinho do teu pai, da
Tua mãe, dos teus irmãozinhos, da tua tia solteira?
Não, não e não!
Volta para o seio da tua família.
E viva eu cá na terra sempre triste!..."
Dito isto, verteu copioso pranto e, desviando o rosto, atirou o
Peixinho n'água.
E a água fez um redemoinho, serenando... até que o peixinho
Morreu afogado...

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Manuel Bandeira, Solau do Desamado; BH, 0230602011.

Donzela, deixa tua aia,
Tem pena do meu penar.
Já das assomadas raia
O clarão dilucular,
E o meu olhar se desmaia
Transido de te buscar.
Sai desse ninho de alfaia,
 - Céu puro de teu sonhar,
Veste o quimão de cambraia,
Mostra-te ao fulgor lunar.
Dá que uma só vez descaia
Do ermo balcão do solar
Como uma ardente azagaia
O teu fuzilante olhar.
Donzela, deixa tua aia,
Tem pena de meu penar...
Sou mancebo de alta laia:
Não trabalho e sei justar.
Relincham em minha baia
Hacanéias de invejar.
Tenho lacaio e lacaia.
Como um boi no meu jantar!
Castelã donosa e gaia,
Acode o meu suspirar
Antes que a luz se me esvaia,
Tem pena do meu penar.
Vou-me ao golfo de Biscaia
Como um bastardo afogar.
Minh'alma blasfema e guaia,
Minh'alma que vais danar,
Dona Olaia, Dona Olaia!
 - Meu alaúde de faia,
Soluça mais devagar...

Jean de la Fontaine, Invocação à Volúpia; BH, 0230602011.

Sem ti, doce Volúpia, o viver e o morrer
Teriam, desde o berço, idêntico valor:
De toda a criação, universal pendor,
Com que força fatal, tu consegues prender!
Tudo, por ti, aqui se passa.
Por tua causa e tua graça,
A duras penas todos vão:
Não há soldado, capitão,
Nem fidalgo, plebeu, nem Ministro de Estado,
Que em ti não tenha o olhar pregado.
Das Musas na afeição, se, de serões nascido,
Um agradável som não nos encanta o ouvido,
E se ele não nos traz amena sensação,
Tentamos nós uma canção?
O que, pomposamente, é chamado de glória
E, nos jogos d'Olimpo, exalçava a vitória,
Precisamente, és tu, Volúpia divinal.
E seu preço não tem o prazer sensual?
E então por que os dons de Flora,
O por-do-sol, a linda Aurora,
Pomona e seus finos manjares,
Baco, razão dos bons jantares,
Florestas, fontes, pradarias,
Mães de fagueiras fantasias?
Belas artes, por quê? de quem és a nascente,
Por que tanta beldade, amável, atraente,
Se não pra vires, até nós, sempre morar?
Eis o meu parecer, por mais procure alguém
O seu desejo castigar,
Algum prazer inda lhe vem.

Ó Volúpia gentil, que, na Grécia de ourora.
De um pensador foste senhora,
Não me desprezes não: vem à minha morada
Não ficarás sem fazer nada:
Amo os livros, o amor, música e diversão,
Cidade, campo, enfim; o mundo nada tem
Que não seja enorme bem,
Mesmo o aflito prazer de um triste coração.
Vem, pois, e desse bem, ó Volúpia querida,
Queres então saber a medida acertada?
Pelo menos preciso uns cem anos de vida,
Pois trinta só é quase nada...
Belas artes, por quê? de quem és a nascente,
Por que tanta beldade, amável, atraente,
Se não pra vires, até nós, sempre morar?
Eis o meu parecer, por mais procure alguém
O seu desejo castigar,
Algum prazer inda lhe vem.

Ó Volúpia gentil, que, na Grécia de outrora,
De um pensador foste senhora,
Não me desprezes não: vem à minha morada
Não ficarás sem fazer nada:
Amo os livros, o amor, música e diversão,
Cidade, campo, enfim; o mundo nada tem
Que não me seja enorme bem,
Mesmo o aflito prazer de um triste coração.
Vem, pois, e desse bem, ó Volúpia querida,
Queres então saber a medida acertada?
Pelo menos preciso uns cem anos de vida,
Pois trinta só é quase nada.

François Villon, Balada dos Enforcados; BH, 0230602011.

Homens irmãos, que a nós sobreviveis,
Não tenhais vosso peito calejado,
Porque, se algum pesar por nós haveis,
Cedo, o perdão de Deus tereis ganhado.
Mais de um vedes, na corda, pendurado:
A carne que gozou, em demasia,
Foi devorada, podre, dia a dia,
E as ossadas em pó se mudarão.
De nosso padecer ninguém se ria.
E a Deus rogai nos dê o seu perdão!

Se de irmãos vos chamamos, não deveis
Mostrar desdém, embora justiçados
Com razão. E, no entanto, vós sabeis
Que nem todos são muito ajuizados;
Pedi por nós, agora, trespassados,
A Jesus Cristo, filho de Maria,
De sua graça venha a nó valia
Que nos livre da eterna perdição.
A nós, mortos, poupai outra agonia.
E a Deus rogai nos dê o seu perdão!

Secos, negros, enfim, o sol nos fez,
A chuva nos gastou. Foram cavados
Os olhos pelos corvos, com avidez,
Sendo a barba e os sobrolhos arrancados.
Não podemos jamais ficar parados;
De cá pra lá, ao léu da ventania,
Pelas aves bicados, à porfia,
Como um dedal os corpos ficarão.
Não sejais, pois, de nossa confraria;
E a Deus rogai nos dê o seu perdão!

Senhor Jesus, que sois o nosso guia,
Não permitais do inferno a senhoria,
Nem lhe devamos soldo, sujeição.
Homens, aqui não calha zombaria;
E a Deus rogai nos dê o seu perdão!