Não sou Dante mas faço visitas constantes ao
Inferno pior não tenho Beatriz nem Virgílio a
Guiar-me tenho apenas os passos trôpegos de
Bêbados dos bares das ruas de fundo da cidade
No rosto as cicatrizes das bofetadas do destino
Na face as marcas congeladas das lágrimas
Obscuras no dorso a umidade da chuva oblíqua
No semblante a imagem abstrata duma
Personagem de Cervantes ou o Dom Quixote ou
O Sancho Pança nos bolsos revirados das calças
Rotas não trago valores simplesmente esta
Literatura caligulaniana estes versos que Nero
Cantava em sua lira ao matar a mãe ao
Incendiar a Cidade Eterna podeis-me revirar
Ao avesso em vice-versa em versa-vice não
Encontrareis serenidade de espírito todas as
Reverberações tumulares todos os ecos
Tubulares ressoam em minha alma a resposta
Concreta é o silêncio das noites dos planetas
Fantasmas de sistemas solares do além do além
Tão distante que lá não chegam as almas não
Chegam os espíritos que ficam todos nos
Infernos onde passo a procurá-los Dante nos
Contou a sua visita na Divina Comédia conto as
Minhas visitas nos delírios de bêbado que me
Atormentam no passar da conta das doses
Ministradas para gerar esta literatura que se
Enobrecer quem a ler o poeta se sentirá
Também enobrecido por ter idêntica Beatriz
Resgatada das chamas as choupanas das senzalas urbanas
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