domingo, 9 de setembro de 2012

Noturno Nº 42; BH, 0210702011; Publicado: BH, 090902012.

Depois quando tiver tempo rever
Esta saga posso até chorar construí
Castelos ergui catedrais ancorei
Naus nos cais pisei nas pedras dos
Portos ancestrais não vim não vi
Nem venci mas adquiri garantia
Confiança segurança de
Rochedo que sustenta montanhas
Força de guindaste que ergue
Firmamentos vou rever a história
Contá-la do jeito que é
Depois posso chorar a madrugada
Toda choro com chororô de
Índio velho de pajé de preto
Velho escravo que inda agora
Goteja sangue no pelourinho
Onde muitas peles de negros ficaram
Em ornamentos altares santuários
Para adoração dos que sabem
Conhecem veneram os veneráveis
É uma jornada longa para suster
A injustiça mães choram filhos
Pais murmurejam à beira de riachos
De lágrimas salutares fontes de
Soluços de virgens suspiros de meninas
Índias e negras que não foram
Justiçadas pela história civilizatória
Não sei o que digo bem não sei
O que digo sei que não sei de nada
Mas as minhas mãos continuam manchadas
De sangue inocente quero purificá-las
Lamber essas feridas dessas costas abertas
Aos relhos chibatas drenar com a
Boca o pus desses furúnculos coloniais nas
Carnes puras desses índios exterminados
Desses anjos levados à força para o céu

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