quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Patagônia, 927, 1; BH, 0140802011; Publicado: BH, 0130902012.

Quem tem a coragem de olhar para um
Monte, e não fazer uma reverência? os montes
Nasceram antes e durante e depois, e merecem
De quem os olha, todos os olhares, de frente
E de fundo dos olhos; na minha frente tem
Um monte, é meu reverendo, guarda nas suas
Entranhas as chaves da eternidade; é um
Monte que estará ali, quando eu não estiver
Mais aqui; os montes são altares para nós
Mantermos nossas cabeças erguidas; não se
Passa diante dum monte de cabeça baixa,
Frustrado, de rastros, prostrado; os montes
São patamares onde os deuses confabulam;
São tabuleiros dum jogo em que somos
As peças; quem imagina quantos olhares
Milenares estão a nos espreitar dessas
Elevações vulcânicas, marmóreas, sedimentadas
Em ouro, prata, platina, urânio, dinossauros,
Fósseis diluviais; elevemos nossos olhos
Para os montes, mas para saudá-los em
Nome de todos que os formam; em nome
Dos próprios montes; em nome de todos
Os nomes; em nome de todos os ossos
Sagrados, das fórmulas e formas dos
Sentidos que os envolvem, dos sonhos que
Os querem escalar e dos pesadelos das
Quedas livres daqueles que não são
Aceitos nos seus dorsos, costas, faces, rostos,
Encostas, ares; os montes têm vida, mudam
De lugar lentamente, giram imperceptíveis;
Uns flutuam nas névoas, copulam com as
Cordilheiras, cadeias de montanhas, a
Gerarem planetas rochosos, com crateras
Espetaculares, engolidoras de cometas, de
Meteoros e inclusive engolidores doutros
Planetas, que chocam-se ao saírem de suas
Rotas; façamos assim nossas orações aos
Montes, eles são reais e tornam-nos reais também.

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