sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Nietzsche, Não se pode apagar da alma de um homem a marca que seus ancestrais; BH, 0210902012.

Não se pode apagar da alma de um homem a marca que seus ancestrais
Construíram com a maior predileção e constância:
Seja que tenham sido, por exemplo, pessoas econômicas, auxiliares de
Um escritório ou de um banco, modestos e burgueses em seus desejos,
Modestos também em suas virtudes; seja que tenham no hábito de mando,
Dados e prazeres grosseiros e, ao lado de tudo isso, talvez a responsabilidades
E a deveres mais grosseiros ainda; seja que, enfim, lhes tenha ocorrido de
Sacrificar antigos privilégios de nascença ou de fortuna para viver
Inteiramente segundo sua fé (segundo seu "Deus"), como homem de uma
Consciência inflexível e terna, corando diante de qualquer compromisso.
É impossível um homem não tenha no sangue as qualidades e as predileções
De seus pais e de seus ancestrais, embora as aparências possam fazer crer o
Contrário.
Esse é o problema da raça.
Quando se sabe de algo a respeito dos pais, se saberá algo dos filhos:
Qualquer intemperança chocante, qualquer vontade mesquinha, uma propensão
Forte - esses três traços reunidos têm desde sempre formando o verdadeiro
Tipo plebeu - tudo isso se transmite ao filho tão seguramente que o sangue
Corrompido e pela educação, por melhor que seja, só poderá apagar a
Aparência de semelhante herança.
 - Mas não é esse hoje o objetivo da educação e da cultura?
Em nossa época muito democrática, ou melhor, plebeia, a "educação" e a
"Cultura" devem ser sobretudo a arte de enganar acerca das origens, acerca
Do atavismo popular na alma e no corpo, a arte de iludir e esconder o
Plebeísmo hereditário do corpo e da alma.
Um educador que hoje pregasse a verdade antes de tudo e gritasse
Constantemente a seus alunos:
"Sejam verdadeiros!
Seja naturais!
Mostrem-se exatamente como são!" - semelhante asno, virtuoso e cândido,
Acabaria recorrendo, cedo ou tarde, à força de Horácio para naturam expellere.
(Expulsar a natureza)
Com que resultado?
A "plebe" usque recirret.
(Até que volte correndo)

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