Quando as sombras sobem os morros no final
Da tarde a noite cai sobre a terra
Uma tristeza sem fim se apodera de mim
Penso nos meus entes queridos idos nos
Ancestrais nos meus antepassados
Que sofreram bem mais que sou sofrido
Quando se agigantam as penumbras
As silhuetas da noite metem medo
Nas criancinhas nas histórias de assombrações
Meus avôs me vêm à memória com seus causos
Seus casos dos tempos que não voltam mais
Para um poeta polegar um João preso num
Galinheiro a mostrar o dedo ou o outro João
Que trocou uma galinha por três caroços
De feijão os fantasmas da noite são motivos
Para poesias o poeta quer tirar da escuridão
As mesmas histórias dos tempos da infância
Em que quando criança ouvia das
Gameleiras assombradas outras árvores
Inocentes que se transformavam em
Bichos papões a tristeza vem pela saudade
De quem nasceu em cidade do interior
Teve rio lodoso teve tios primos
Avós principalmente avós que nos
Defendiam nos ensinavam as atitudes
Matreiras suspeitas mateiras também quando
Olho as chapadas já encobertas não enxergo
As vegetações neste entardecer domingueiro
De coração de mineiro que não sabe
É uma pena fazer serenata nem é outra
Pena ser seresteiro, nem mais uma pena
Boiadeiro com o aboio triste a reunir
O gado no terreiro chora poeta triste
Derrama tuas lágrimas neste desespero
Amanhã serão outras sombras a ti afogar ou
A lançar tua alma no despenhadeiro
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