Vou morrer cambada mas vou deixar
Meu urro de Zagalo aí tereis que me
Engolir deixarei meus ossos nos baús
Para ser mumificados levados estendidos
À luz do luar nas madrugadas de lua
Cheia uivarei nos vossos ouvidos tereis
Que me engolir vos engasgareis com
Meus ossos tropeçareis em pedaços de
Mim quando andareis perdidos ao sabor
Dos Noturnos vou morrer cambada mas
Não vos livrarei dos tormentos nas noites
Das tempestades nas madrugadas frias
Vereis meus vultos nos vitrais me
Identificareis nos escolhos negros da
Imensidão tereis que reconhecer estas
Letras desgarradas dos alfabetos tereis
Que decifrar estas palavras expulsas dos
Dicionários agora passeis por fora olheis
Para longe vireis a cara para o horizonte
O cruzamento das paralelas mas amanhã
Quebreis as pedras que nasceram do meu
Peito reconheçais o leite emanado o suor
Salgado a saliva doce a coriza caldada
Como vestígios para reconhecimento se
Não quiséreis que o cadáver seja
Enterrado anonimamente sem exumação
No futuro vou morrer cambada mas
Deixarei aqui ancorado neste
Porto meus navios carregados
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