Boa-noite noite boa-madrugada madrugada
Bom-dia dia boa-tarde tarde
Tudo de bom que puder acontecer
É tudo que posso fazer nestes
Meus amados Noturnos filhos da noite
Filhos da madrugada é tudo que
Posso ter que a incapacidade
Deu-me porque se fosse capaz
Seria muito mais sagaz mas só
Sou estes Noturnos sangrados das
Pontas dos meus dedos sem sentidos
Sem mensagens razão ou noção
É tudo que posso expor à luz
Pela falta de lucidez que me
Seduz quero ser sóbrio não sei
Ser quero ser nítido lúcido
Normal como todo ser mas a
Aberração mórbida da estupidez que
Agiganta-se dentro de mim me
Faz de cachorro pequenez o
Baixio é o meu meio o cheiro do
Bueiro o meu perfume a inhaca
De bêbado a fragrância sentida
À distância a afastar os anjos
De mim exala em minha
Rua o meu exílio a canção que
Emana de mim faz chorar
As pedras espanta os passarinhos
Modifica as rotas dos aviões sou
Um tecelão que faz tapete voador
De pensamentos passo de mão
Em mão a letra que trago no
Peito a palavra que sangra da
Ferida a poesia que é a minha
Mãe escrita na minh'alma de filho ingrato
Pródigo lançado às feras do amanhecer
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