Fiquei de olho aceso na costa a
Iluminar o mar para que as quilhas
Das naus não se rompessem nos
Escolhos muitas perdidas naus inda
Vagam por esses mares tenebrosos a procura
De caminhos marítimos em busca de
Especiarias tesouros terras à vista
Fiquei no porto sentinela atalaia
Vigias a velar pelas velas desfraldadas pelos
Mastros rompidos pelas proas popas históricas
Esquecidas nos fundos dos oceanos
Desconhecidos passei por canais que
Ligam mares que ligam cabos que
Ligam terras continentes vi nas
Frestas universais os antepassados
Das minhas avós olhavam para mim
Com brilhos nos olhos iluminavam
Minhas sendas enfrentaram monstros
Marinhos que me despertavam do
Sono faziam-me chamar por
Meus pais fiquei de madrugada para
Ver minha avó passar rente à parede de ondas
A clamar por minha mãe que
Não me batesse mais não minha
Mãe não atendia nem pelo amor
De Deus minha avó tentava ser
A minha salvação fiquei de peito
Aberto a cantar cantigas que os antigos
Antepassados escravos cantavam quis aprender
Com as escravas todos os cantos negros
Trazê-los livres na minha voz
Trazê-los livres nos meus braços
Fiquei libertador de almas escravas
A esperar nas encruzilhadas nas areias das praias
Por serenatas que as façam recordar
Dos antigos terreiros maternais
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