Hoje é um dia que não é para ser um dia
Não é para o galo cantar de madrugada
O cachorro latir a galinha cacarejar
Nem é para o vento ventar levar
O cisco do quintal as folhas das
Árvores caírem nos terreiros
As nuvens não galoparão pelos céus
As pedras não sairão dos seus lugares
Nem a poeira pousará em cima dos móveis
As roupas não estarão nos varais
Hoje as almas não se esconderão
Nos sótãos nem os espíritos
Nos porões as assombrações não
Sairão das sombras os sonâmbulos
Não andarão pelas paredes os
Loucos não rodarão em seus redemoinhos
Não caminharão pelas ruas em sentido
Anti-horário mentecaptos energúmenos
Desesperados não baterão com as
Cabeças nas pontas das pedras dos
Paredões hoje é um dia que não é para
Ser um dia hoje é um dia que não é para
Ser um é um dia que não é para ser é
É um dia que não é para aí é um dia
Que não é para aqui um dia não dia
Então ver-se que é um dia que não é
A solução é um dia que o sol não resolveu
É um dia que a resolução duma luz
Não brilhou num coração distante semente dum
Quase cadáver em encruzilhada de raízes
De gameleiras mal-assombradas hoje é
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