segunda-feira, 20 de julho de 2020

A cultura hoje é a do ver e do que entra pelos olhos e do que não ver; BH, 0401102000; Publicado: BH, 070402013.

A cultura hoje é a do ver e do que entra pelos olhos e do que não ver
Como se ver um tecido de algodão colorido brilhante cheiroso
Porém ordinário igual a uma chita estampada de grandes ramagens
Um chitão é assim a nossa cultura e para nos nossos olhos e reflete nas
Nossas retinas e nada mais e continuamos com a mesma choça
Interior a mesma habitação rústica e choupana dentro de nós e tudo
Que produzimos é de chocadeira de máquinas para chocar ovos e
Não de máquinas para pensar e não causamos mais chocalhada em
Nada a não ser quando baixamos o nível tanto quanto em debates
Políticos entre os candidatos ou em programas bregas e apelativos
Das redes de televisões e o que é chocalhante é só o baixo nível
A violência em fitas e vídeos os filmes pornôs e as nossas mulheres
Em trajes sumários ou sem e o que faz chocalhar é o agitar
E o tocar o chocalho do rebolado do grupo de pagode que usa
Qualquer outro objeto para produzir ruído de chocalho e nossa poesia
Não é mais de se agitar dentro dum recipiente como
Antigamente e o poema não tem mais a representação do instrumento
Formado por uma campainha e um badalo ou um recipiente com
Bolinhas que se agitam na parte interna e utilizado para pendurar ao
Pescoço dos animais para que não se percam e o do brinquedo infantil e
A cultura não é mais de chocar e de dar um choque como a ave a
Aquecer os seus ovos e a cultura está no choco e no que faz
Apodrecer e é preciso algo para dar um esbarrão para tudo ficar
Chocado e ofender-se e melindrar-se e passar esse período chocho
Seco sem suco sem miolo mirrado que não se desenvolveu
Normalmente e que gorou igual ao ovo que perdeu o sabor original e
Podre sem graça mas que pode estar a surgir e pode estar a chocar
Igual a galinha igual ao estado febril das aves na riba e até o
Chocolate e a comida e a bebida preparada com cacau açúcar e
Substância aromática que vem da Bahia já não é mais o mesmo e não
Apresenta mais referencial vem contaminado com gordura e parafina e a
Chocolateira ou recipiente em que se prepara o chocolate só apresenta
Choldra de coisa desprezível e canalhas a ralé o chofer experiente já
Deixou o carro o motorista abandonou o automóvel e de chofre e
Repentinamente a qualidade cultural morreu acabou e qualquer chopada
Vira carnaval e qualquer reunião para beber chope  vira CD e até a
Cerveja que não passou pela última fermentação das cervejas comuns
Vem batizada e a de barril causa efeito traumático depressão no
Organismo com desequilíbrio nervoso e é  prostração resultante de
Intervenção cirúrgica do pós operatório e a sensação produzida pela
Corrente elétrica passa despercebida a poética não causa mais conflito
Não move mais a força policial dalgum aparato nem causa mais luta armada e
Entre forças militares e o abalo a comoção o encontro cultural de certa
Violência entre dois corpos e preocupa-me a choradeira que causa o
Choro prolongado e impertinente a lamúria o choramingar ao chorar
Amiúde como se fosse por motivo fútil e tivesse que pedir ao choramingas
Para ajudar a verter lágrimas a prantear a lastimar a manifestar a chamar
A chorar a pedir a reclamar a acompanhar o choraminga e chorar 
Com choro com pranto com música popular de andamento rápido pelo fato
Choroso que chora que indica choro que causa lástima a casa humilde o
Casebre a que transformou a cultura e sou um chorão a planta de ramos
Pendentes da família das casuarináceas e sou um dos que chora muito
Mais do que o choupo árvore das salicáceas quando vai para a fogueira e
Choro mais do que o chouriço a tripa de porco cheia de carne toucinho
Sangue farinha de trigo e temperos quando cai na gordura quente e só assim
Espero ver um dia o fim desse chove-não-molha que não vai para adiante e
Nem para atrás o fim desse impasse a indecisão que faz não perceber
Resultado numa ação o chover no molhado o perder o tempo e não ir em
Busca do tempo perdido que faz chorar a cântaros como no chover muito e
No cair de chuva grossa e é o eterno derramar o cair do alto que nunca chega
E faz o desesperado precipitar-se em abundância igual o cair água das nuvens
Em forma de pingos que trarão enxurradas de cultura.

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