sim mais um dia sem as tuas tardes,
agora, sim, agora posso ver:
se sofro, se minha dor não tem cofre,
ao céu não serve a lágrima que choro.
talvez passarei antes de cessar
a sombra do sol, o ombro do sofrer;
se morro, se não sorvo mais os dias,
as noites me servirão por prêmio.
quando o jamais chegar na madrugada,
serei o irmão que não está por vir;
rir talvez o jamais não poderá;
e, na ausência de transitória ausência,
tua mão reconduzirá o ausente,
ao leito em que todos adormecemos.
(Amônia, 1997)
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