Não suporto mais ficar na escuridão e
Tenho medo da escuridão
Pois me sinto tão sozinho
E me sinto tão abandonado
Que me dá vontade de chorar
E choro na escuridão
E ninguém vê
E ninguém ouve o meu pranto
Não suporto viver no breu
Sou um frágil nas trevas
Pois não enxergo os vultos
Não posso ver as coisas
Que me metem sustos
E as sombras me metem medo
Já não tenho luz
Já sou sem luz
Já não sou a luz
E latejar ainda na escuridão
Deixa ter o prazer
De ter pelo menos
Uma luz artificial
Não suporto ficar na penumbra
Na escuridão sofro
Na escuridão sou escuridão
Na escuridão corro
Na escuridão esbarro
E me machuco ao tatear
E morro assombrado
E grito tal assombração
E grito por socorro
Mas não ouço nenhum movimento
Em minha direção
Não ouço o som de nenhum sorriso
Nem o batuque dum coração
E sinto ódio
E me sinto um defunto
E me apodreço presunto
Na escuridão cheiro mal
E não encontro a luz
Parece que não tomei banho
Não suporto ficar na escuridão
Teno medo dos fantasmas.
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