Pobre homem desgraçado
Cuja fome consome os vermes em seu estômago
E os vermes do homem consomem os germes de sua alma
E a ira do homem alucina seu espírito tentador
E a dor da carne alimenta a falta de seu amor
E a vida da morte é certa e a morte da vida ganha
E ninguém passa pela vida sem sentir o sabor da morte
E o homem gira no espaço e vaga vazio no vácuo mental
E lança seu esperma espectral no mormaço do cemitério infernal
E nascem cadáveres e defuntos fecundados e destruídos
Que vagam de sepulturas em sepulturas mortos e desiludidos
E suas carnes podres aos pedaços lançam pela estrada crucificada
Um cheiro de enxofre agourento que espanta os urubus
Do cadáver do homem podre
Podre e morto e vivo e com fome
E consome o grito gutural a pedir socorro e esmolas
E ninguém quer um corpo morto
E ninguém quer uma morte certa
Pobre homem desgraçado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário