Ando pela cidade
E vejo a cada dia que passa,
O aumento da miséria,
Da pobreza e da desgraça;
Vejo as favelas e os barracos, e
As casas de pau-a-pique,
Os homens e as mulheres,
Que mais parecen espantalhos
Animados ou movidos à pilhas; e
Vejo crianças macabras,
Que fuçam o lixo e a lama,
Alimentam-se de sobras de lavagens,
Que os porcos rejeitam; e
Vejo os porcos engravatados,
Passam rápidos, depressa e correm;
Nem olham para os lados; e
Vejo os carros de luxo,
Chiqueiros confortáveis,
Cheios de porquinhos,
Todos bonitos, bem cevados,
Alimentados e felizes, não têm
Com o que se preocuparem;
E sabem que são os causadores,
De todo o desequilíbrio,
Pelo qual sofremos e pagamos tanto;
Mas não movem uma palha,
Para diminuir o abismo,
Que existe entre eles e nós;
Eles são cada vez menos e
Nós cada vez mais,
E mesmo assim não nos agradecem.
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