E era uma burrice qualquer
E sabia que era burro
Burro e impotente e estéril
E não foi sequer dotado
Da mínima inteligência
E hoje vaga por aí
Meio cego e meio surdo
Careca e barrigudo
Sifilítico e carrancudo
Verdadeiras crateras
Em todos os dentes da boca
Corcunda e corpo torto
Alma desgarrada
Ovelha negra
Perdida na multidão
Sem razão e sem destino
Sem noção e sem tino
Sem senso e sem humor
Sem vida e sem carinho
Sem nada e sem pudor
E sabia que era um idiota
Um ignorante nato
Um rato ignóbil
Um debiloide insensato
E nasceu duma crise crítica
E viveu numa crítica crise
E morreu desde que viveu
Apodreceu desde que não nasceu
Fedor e cheiro mau
Não conseguia se aproximar de si
E tinha medo de ser
E corria de si
E nem olha para atrás
Tinha medo do que ia ver
Um fantasma desmoronado
Um vampiro sem as presas
Um leão sem as garras
Uma estrela sem céu
Um céu sem firmamento
E sabe que é um lamento
Um indivíduo nojento
Ser azarento e baboso
Lazarento e gosmento
E sabe que é um burro
E é uma burrice qualquer
Um animal irracional
Não serve nem para morrer.
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