Vê aquele menino deitado na calçada,
Passou a noite ali estendido,
Dormiu na rua;
São sete horas da manhã
E ainda dorme,
A atrapalhar as pessoas,
Que querem pegar o ônibus;
Ninguém liga,
Ninguém repara,
Observa ou olha;
O menino jaz ali,
Não está morto,
Só adormecido,
Como se morto estivesse;
Porque não nasci cego?
Porque tenho que deparar,
Com cena tão macabra?
Porque tenho que pensar,
Que ficar indignado,
Com tantas crianças que vejo,
Jogadas no meio das ruas?
Porque sou incompetente,
Covarde e fraco?
Porque sou impotente e inerte?
Porque não estou ali deitado,
Com aquele menino de rua?
Porque não sei responder
Às minhas perguntas?
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