sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Alameda das Princesas, 756, 103; BH, 0201002012; Publicado: BH, 0160102015.

Poeta, desce desta arca, és um animal
Que não tem par e quando o mundo
Acabar em água, serás o único que
Não se reproduzirá; os demais animais
Desta arca, são representados em
Macho e fêmea e entraste aqui sozinho;
Nada até encontrares um monte bem
Alto, um Ararat, um Pirineus, um Sinai,
Agarres no topo dum desses montes, o
Mais alto, lá aonde a água não vai; nesta
Arca não podes ficar, poeta sempre
Contraria a Deus e Deus pode querer
Afundar-nos; poeta, se não sabes nadar,
Agarra-te a um bom pedaço de madeira
E comeces a boiar; os outros animais
Ameaçam a querer amotinarem-se e motim
Na embarcação, é o que a tripulação
Precisa evitar; terei que jogar-te fora, no
Meio das águas, serão quarenta dias e
Quarenta noites de dilúvio; nada posso
Fazer e por causa dum animal maldito,
Não posso pôr todo o projeto a perder;
Se a barca afundar, não restará ninguém
Para povoar novamente a terra; se inda
Fosses o Jonas, poderias ficar no ventre
Dalgum peixe grande, mas, nem Jonas
Tu és, então, poeta, fora já desta nave;
Espera aí, vi ali uma musa, é uma das
Tuas filhas, merecedora duma poesia,
Pega lá uma pipa de vinho, um bom
Queijo nobre e um naco de assado e
Vamos cá fazer uma bela duma orgia.

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