Alguém já disse isto vou repetir o papel
Do escritor não é falar é escrever me
Lembro quando Pablo Picasso disse não
Falo tudo mas pinto tudo gostaria de
Recordar aqui minha mãe antigamente
Falava quem fala demais dá bom-dia a
Cavalo morde a língua peixe morre é
Pela boca caveira quem te matou? foi a
Língua meu senhor estes ditos de minha
Mãe levaram-me ao silêncio a falar pouco
Ou quase nada isto em qualquer lugar
Desde os tempos de grupo sempre fui
Calado mudo depois evolui para cego
Depois surdo penso que o papel do
Escritor além de pensar muito não falar
Nada é o de escrever tudo é esta a
Marca registrada do escritor recato de
Regato riso de riacho alardes de tardes
Modorrentas silêncios de subterrâneos
Largueza de horizonte altitudes de
Firmamento o escritor é o vento que
Traz a brisa o sereno que chega com a
Noite o orvalho do amanhecer do dia
A obra pode até ser retumbante bem
Barulhenta com algazarra de legiões
Epicentros de terremotos de maremotos
Erupções de vulcões tormentas de tornados
Tempestades mas o escritor é catacumba
Calabouço sepulcro a obra pode ser
Trovão raio furacão o escritor não o
Escritor é bonança de fundo de mar mudez
De raiz na terra fértil então reitero o papel do
Escritor não é falar é deixar que as obras falem
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