Como estou bem próximo da morte vivo
A pensar nas coisas que vão me matar
Como a morte é precoce não terei a sorte
De morrer precocemente aos cento
Quatro anos como morreu Oscar Niemyer
Como este tempo é tão corrido rotatório
Em demasia todo dia quando saio de
Casa saio com a impressão de que é o
Meu último dia nem cheguei nem
Chegarei nem chego a viver quem vive
É quem labuta ganha dinheiro trabalha
Finjo sou um fingidor vivo de fingimento
O maior absurdo é que ninguém nota
Que finjo ou fingem não notar será a vida
Hoje um mero fingimento? será que só
Passo a impressão de ser aquilo que não
Sou? tenho que rir na cara de quem pensa
Que sou normal tenho que gargalhar de
Boca bem aberta dentes à mostra dos
Idiotas que pensam que não sou idiota
Tratam-me com deferências falam que
Sou referências coitados como que são
Enganados por mim quando entro no
Banco na igreja no bar com aquele ar de
Superioridade de decidido de correntista
De membro dizimista mas é só no bar mesmo
É que existo o bar é o único lugar onde o
Mortal depois dumas doutras se sente
Um poderoso estúpido imortal
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