domingo, 4 de janeiro de 2015

Alameda das Princesas, 756, 91; BH, 0260902012; Publicado: BH, 040102015.

Olhei para o céu olhei para o papel
Vi o papel no céu vi o céu no papel
Firmamento tomou forma nas fórmulas
Destas linhas as letras viraram cores as
Palavras arco-íris desenhei torres de
Igrejas que queriam furar a abóbada
Celeste ouvi o badalar dos seus sinos
Sabiás pousavam no Cruzeiro bem-ti-vis
Faziam ninhos nos outeiros assuntavam
O cantochão da missa as velhas seus narizes
Velhos encatarrados suas papadas  que Deus
Esteja convosco o padre bradava com raiva
A balançar a pelancada a coleta foi pouca
Poucos homens poucos jovens muitos
Velhos suas inhacas qual padre nosso
Que aguenta tanta caduquice? convosco
Também o sacristão bebeu demais
Confundiu os paramentos de olhos
Nalguma mulher jovem pata o sacramento
Que por ventura perdeu-se por ali
Na sacristia não viu o olhar de
Repúdio do padre o papel agora tem
Outro formato o céu é outro céu o
Firmamento está em silêncio os sinos
Não tocam para não fazerem voar os
Passarinhos o papel pede letras
Palavras em suas linhas o céu pede
Voos de andorinhas um poeta não tem
Nada para pedir pode não transparecer
Mas o poeta tem tudo que tem o passarinho
Tem tudo que tem a andorinha pode não
Ser translúcido mas o poeta voa no céu com
Os passarinhos faz evoluções performáticas
Com as andorinhas é uma delas aqui no papel
São todos os passarinhos que voam no céu

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