Deus é tornar-me insensível
Faça com que venha a perder
A compaixão que esqueça de
Chorar ao transformar-me num duro
Cruel tiras a piedade de mim que
O desapiedar a partir de hoje seja parte
Integrante do meu ser não levas o meu
Coração ao desaperto nem queiras
Aliviar a dor do sofrimento que transporto
Nem penses em desoprimir-me o
Espírito que componho ao deixá-lo
Folgado como um vestuário largo
Não quero aprender a relaxar nem
Afrouxar as correntes do meu peito
Que nunca mais sinta o desabotoar
Das lágrimas por pena o alargar do
Pranto o desapertar do choro por dó
Ficarei feliz em deixar de aperceber em
Descuidar-me por privar-me despojar-me
Dos apercebimentos das provisões
Sentimentais das munições emocionais
Senhor ensina-me a desaperceber com
Desprendimento que viva com desinteresse
Com desamor indiferença pelos bens
Materiais aumenta o meu desapego à vida
Inútil faça com que consiga desapegar-me
Dos desejos despegar-me das ambições
Desapartar-me das luxúrias ao apartar-me
Das tentações faças com que possa ficar
Desmastrado tal navio velho abandonado
Tiras os aparelhos de mim ao desguarnecer-me
Ao desaparelhar-me numa eutanásia
Deixas-me totalmente desaparelhado
Despreparado desguarnecido igual a um
Recém-nascido abandonado numa lata de lixo
Longe do leite do peito materno quero estar
Sempre desaparecido ser o ser que
Desapareceu no dia em que nasceu olhar no
Espelho ao apagar-me olhar nos meus olhos
Ao morrer ao cessar de ser de existir
Ocultar-me bem sumir-me desaparecer-me
Para que não seja encontrado pelo Senhor
Não seja merecedor do teu perdão do teu
Amor da tua salvação podes desatarraxar
Os parafusos da máquina podes me
Desaparafusar não quero serenar-me nem me
Desassombrar não precisas limpar as nuvens
Dissipar as trevas para que o céu fique azul
Não mereço o desanuviar do firmamento
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