Vi marchar em filas a desfilar
Passar uma atrás doutra
A suceder-se assim
Toda solução embaraçosa de difícil solução
No desfiladeiro diante de mim
Na passagem estreita entre as montanhas
Uma voz falou-me
Decifra-me ou devoro-te
Não decifrei
Não fui devorado
Mas via desfigurar-me
A mudar-me a figura
A deformar-me
Tudo veio a deturpar-me
A desconcertar-me
Pensei
Melhor seria ter sido devorado
Ser alterado viver transtornado
Demudado de feições
Nenhum cadáver aceita
Desfigurado defunto que mudou de figura
Nenhum morto aceita
Ajudar-me a analisar
Tirar separar as fibras da carne
Ou ajuda-me a desfibrar
A referir a explicar minuciosamente
Será que entenderei?
Ou vou correr em fio de líquido?
Vou fazer-me em fios na navalha?
Desfilar perante a todos sem reagir?
Preciso das respostas daquilo que se desfia
Preciso ser esmiuçado
Desfeito em fios
Vivo ainda ao ser desfiado
A pulsar para que alguém
Possa tirar as ferraduras
Da minha ignorância
A sufocar-me
Alguém precisa desferrar-me das trevas
Desferir um murro na minha cabeça
Fazer vibrar meu cérebro
O espírito a atirar a entoar canções
De transfigurado de corpo diluído
Sólido destruído que mudou completamente
A forma ficou desfeito
A fazer pirraça a desconsiderar a situação
A fazer desfeita a desfeitear o algoz
O carrasco do cão que já foi puxado
O revólver está engatilhado
Chega o crânio perto do cano
Que não quero errar
Tenho medo de errar
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