segunda-feira, 5 de junho de 2017

Poeta morto é destilaria abandonada; BH, 0200602017; Publicado: BH, 050602017.

Poeta morto é destilaria abandonada
Metralhadora calada baioneta cega 
Surda muda o gás não acende mais o
Lampião o candeeiro de combustão
A lamparina sem petróleo sem azeite
No tição apagado a brasa fria poeta
Gladiador abatido na arena a espada
Sem corte o corpo sem a armadura
A defesa perdida todos com os
Polegares para baixo a indicar o
Extermínio total a plateia ávida gritava
Delenda o imperador selou o destino
Do poeta morto que tornou a morrer
Para nunca mais viver sem as asas
Para voar a alma do poeta caiu no
Mar o espírito no deserto o ser foi
Devorado por aves de rapina os
Sonhos semeados em pedreiras
Depressões declives declínios
Quem mandou não embriagar-se
De subjetivismos? não aprofundar-se
Nas raízes das areias? nos nascedouros
De turbilhões de redemoinhos de
Moléculas de poeiras furacões de
Cinzas metálicas de chumbo em pó?
Na virada do tempo para outro
Tempo que de tempos em tempos
Acontece no tempo o tempo ficou
Doente pegou um resfriado arrumou
Uma gripe espirra tosse arrepia
Cachorro molhado não será o que é
Esperado o fruto bruto a fruta que
Era flor que blandícia em saber que
Não focou no aqui a esperar vir do
Aquém a ir para o além um
Matusalém Torre de Belém espera
Que vem donde que não se vem
O trem do desdém até logo amém

2 comentários:

  1. Já faz um bom tempo que não persigo pegadas de poesia. Foi um prazer percorrer essas letras, obrigada e parabéns!

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