Morreremos não desvendaremos os nossos mistérios
Enterraremos os nossos sigilos conosco juntos com os
Nossos enigmas segredos os atavios que levaremos
Serão os que dão ao cadáver a impressão de dignidade
Personalidade que não teve em vida todos mortos
Pareceremos retos cordados inabaláveis pois não
Faltará quem quererá nos resgatar nos salvar dos nossos
Complexos dogmas tabus conservadorismos no
Nosso velório teremos até o ar de vivos aspecto de
Sóbrios quem falará bem de nós aparecerá duma
Hora para outra a tecer loas elogios à nossa pessoa
Quem não mereceu um pio de consideração não há
Nada num vivo que a morte não dê jeito de tudo de
Ruim que carregamos transforma em blandícia inclusive
Saudades é alguns dirão que sentirão saudades de nós
Por incrível que possa parecer mesmo que seja com
Falsidade hipocrisia jurarão memórias lembranças
Recordações eternas amizades fidelidades os choros
As carpições as ladainhas logo logo se transformarão
Em euforias alegrias contentamentos do cotidiano
Como se ninguém tivesse morrido se morreu já foi
Logo esquecido há casos que muitos mortos ainda são
Transformados em santos mesmo que apareçam os
Advogados do diabo para dizerem que tudo não
Passava duma invenção barata sem registro de patente
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