E sou um índio idiota
E sou um índio
E sou um idiota
E sou um indiota
Nasci nas selvas
Cresci nas matas
Era livre
Era solto
E voava
Igual a um passarinho
Era bobo
Era bom
Era bom bobo
Era bobo bom
Caçava e pescava
Era safado
E era esperto
E não era índio
Era bicho do mato
Era qualquer coisa
Era não sei o que
E agora não
Agora sou índio
Agora sou idiota
Agora sou índio idiota
Agora sou indiota
Deixe-me levar pelo
Desgraçado do homem branco
E deixei-me catequizar
Pelo cafajeste do homem branco
Deixei-me civilizar
Pelo bruto do homem branco
Deixei-me levar
Pelo falso sorriso
E perdi aquele meu sorriso franco
Meu sorriso branco
E perdi aquela minha corrida na mata
Minhas brincadeiras nas selvas
E tornei-me gente
E tornei-me homem
Igual ao homem que acabou comigo
E conheci de tudo que é mal
E passei por tudo
De covarde a homossexual
E lá no mato não tinha disso não
Isso é da civilização
E eu era um índio
E era igual a uma borboleta
Agora sou um indiota
Agora sou um infeliz
Simplesmente antes a morte.
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