terça-feira, 14 de julho de 2020

"Originais", RJ/1980, E não quero nem mais saber; Publicado: BH, 0140702020.

E não quero nem mais saber
De Hegel e de Nietzsche e de
Descartes e de Hobbes e de
Pascal e não quero nem mais
Lembrar de Locke e nem de
Sócrates e nem de Montaigne
E nem muito menos de Sartre
E chega mesmo de Merleau-
Ponty e de Bachelard e de
Bergson ou de Stuart Mill e
De Bacon pois são todos uns
Sacos individuais ultrajados e
Ultrapassados e não quero
Nem mais saber e quero
Saber é só de mim e não vou
Confundir-me e nem me
Iludir com Platão ou com
Aristóteles e Santo Tomáz de
Aquino ou com Marx ou com
Rousseau e não quero saber
De doidos e mais malucos do
Que eu e não me interessa
Mais o Maquiavel ou o Adam-
Smith e o Galileu e o Max
Weber ou o Kant e estou
Cansado desses caras e não
Quero nem mais saber de
Nenhum deles não e chega
Com essa encheção de saco e
Basta mesmo de Kierkegaard
E Voltaire e Newton e Piaget
Ou Freud ou dessas mentes
Paranoicas e doentias que
Nada de novo botaram no
Mundo e não quero nem mais
Saber de nada e não quero
Nem mais saber de nada de
Ninguém e nem me importa o
Que foi que pensaram esses
Ditos grandes  pensadores e
Esses ditos grandes homens
Célebres da humanidade e
Quem não tem o que fazer é
Desmanchar uma calça e tornar
A coser e agora ficar na vida a
Coçar os colhões e a ludibriar as
Pessoas ou a enlouquecer mais
Ainda este mundo já muito louco
Com suas ideias malucas e seus
Pensamentos idiotas e chega de
Idiotice e chega e basta
De ignorância e esses caras eram
Uns burros preguiçosos e indolentes
Complexados e  esquizofrenicos
Problemáticos e obscuros e Deus que
Livra-me desses que não quero nem
Mais saber o que fizeram ou deixaram
De fazer e não quero nem mais saber
Mesmo e o que quero saber é de mim
E é do que fiz e é do que faço e é do
Que vou fazer e é isso do que quero
Saber e do que não quero nem saber.

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