quinta-feira, 31 de março de 2011

Luís Delfino, As Naus; BH, 0310302011.

Sôbre as asas pairando, as naus entram na lenta
Marcha das aves do mar, que chegam fatigadas,
E, enquanto aos pés, em flor, uma vaga rebenta,
Outras cantam solaus, rindo, em tôrno grupadas.

Parecem catedrais marmóreas, torreadas,
Fugindo a um velho mundo e fugindo à tormenta,
Que entre nichos de pedras e agulhas lanceoladas
Pulam pesadamente e mole corpulenta.

Dromedários do mar - intémino Saara -
Ó naus, vós afrontais os ciclones, o grito
Que vem do abismo e furacões, cara a cara!

Sois mais do que êsses troféus lendários de granito
No seu panejamento enorme de Carrara...
Vós, cuja base é o oceano e cúpula o infinito!...

Nenhum comentário:

Postar um comentário