O homem deveria andar de costas
Sempre de ré a dar passos para
Atrás tudo que pensamos não
Realizamos se prometemos não
Cumprimos o que é determinado
Para fazermos duma maneira
Fazemos totalmente ao contrário
O homem deveria ser ao avesso
Do avesso do avesso do avesso
Quando é para falar a pura verdade
Mente quando é para agir sem
Medo covardia demonstra que
Não controla nem a um nem a
Outra quando é para falar fica
Mudo para agir fica inerte no
Exato momento que é para ir
Para a frente vai para atrás
Por isso penso que o homem
Deveria sempre viver de
Costas viver de ré viver
Atrás todo feito dele é inverso
Do que é feito não faz nada na
Hora certa quando é para rir
Chora quando é para chorar rir
Eu mesmo não sei porque o
Homem é assim não se importa
Com nada com que deveria se
Importar se chega a ocasião
Própria para viver quer morrer
Se chega o dia certo da morte
Quer viver se agarra a tudo para
Viver aí não há mais o que fazer
O jeito é morrer mesmo aí morre
Sem deixar uma letra impressa
Sem deixar uma palavra escrita
Nalguma pedra ou nalgum
Pensamento acorrentado no
Tempo nalgum rochedo o
Homem está sempre do lado
De fora sempre do lado
Selvagem marginal a buscar
O que não encontra quando
Chega já passou a hora dele
Senta nos calcanhares agora
Chora velho feito criança a
Pedir uma boa infância
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